30.9.09

Pá popá o pó...

Não recordo mais a data, mas certamente corria algum dos meses de férias escolares de algum ano do final da década de setenta. Nestas épocas, íamos de Caxambú para Campos Gerais, ambas cidades do sul das Minas Gerais. A primeira onde morávamos, onde vivi até meus onze anos. A segunda, terra natal de meus pais e meus avós. Meus avós paternos, José Antônio da Rocha, o "Zé menino", e Maria Victória, moravam em uma pequena propriedade, às margens da rodovia que liga Campos Gerais à Boa Esperança. Lá passávamos boa parte de nossas férias... Ô, saudade!

Certa manhã, na cozinha, à beira do fogão, aguardava meus avós coarem o café. Meu avô havia colocado a água para ferver, e minha vó chegou, viu a água fervendo e perguntou, no seu bom e simples "minêres":
- A água tá ferveno. Pó pô pó?
Meu avô respondeu:
- Pó pô, uai.
Pegou a lata que continha o pó de café, na prateleira, viu que restava pouco, e completou:
- Uai, tá cabano o pó... Vô pô poquim pá popá o pó.
Assim que terminou de falar, soltou uma gargalhada e caímos todos no riso... E ela começou repetir os pá, os pós, e disse:
- Ihhh, uai.. qui cunversa di doido... Pó pô papopa pepepe popáopó!!! Parece gago cunversano!
E ficamos rindo da situação por um bom tempo.

Aquilo chamou-me a atenção e comecei a contar a história, inclusive na famosa "redação" que fazíamos nas aulas de
português, quando retornávamos às aulas.

Hoje ouço e leio por diversas fontes as brincadeiras com o jeito mineiro de falar, o sotaque, e esta frase maluca, circulando inclusive por e-mails na internet, e divirto-me novamente, relembrando a situação.

Resolvi escrever este texto, relembrando e contando a origem desta história, em memória a meus dois avós, José Antônio da Rocha e Maria Victória, personagens ímpares de minha história, com os quais passei alguns dos melhores de minha vida. "Brigavam" o tempo todo, mas estavam sempre juntos, e como se divertiam um com o outro, com as brincadeiras, as provocações... Tudo era motivo para começar uma "briguinha" e terminar em brincadeira, em gostosas risadas.

Que saudades daqueles dois!!!

9.7.09

Matéria da Folha Online sobre "golpe" em Honduras.

 
Primeiro leiam: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u587827.shtml
 
Esta desinformação travestida de matéria é um erro do começo ao fim, à exceção da pequena, quase imperceptível, passagem na frase "O objetivo declarado do golpe é barrar a consulta proposta pelo presidente, tampouco prevista legalmente, que abriria caminho para uma nova Carta permitindo a reeleição. ".
 
Se a consulta era ilegal, e o presidente desrespeitou a lei e insistiu em continuar a desrespeitá-la, então não é golpe. Não são todos os países, por menores e menos significativos que sejam, que toleram mandos e desmandos. Democracia pressupõe respeito à lei, ao Estado de Direito, e não à vontade do governante de turno, como vivemos em quase toda a América, Brasil incluso.
 
Peçam à Folha que corrija esse incomensurável erro. E à todos os demais noticiários que insistem na tese.
 
Ainda há tempo.

26.6.09

A Era Michael Jackson

Existem pessoas que marcam sua época. Seja em uma escola, em um clube, em uma cidade, em um país. Seja em uma profissão.
 
Assim tivemos a "Era Zico", a "Era Sarney", a "Era Paulo Francis", a "Era Airton Sena", entre tantas outras...
 
Mas existem os fenômenos. Estes marcam uma era da humanidade, de todo o planeta. Marcam uma ou mais gerações. Quem hoje tem entre trinta e cinquenta anos certamente notou que o mundo amanheceu mais quieto, mais sombrio. Menos irreverente, menos ousado. Um pouco menos divertido: o rei do Pop morreu ontem.
 
A despeito de todas as controvérsias, todas as falhas e atitudes questionáveis - tirando o Lula, quem não as tem? - ele marcou uma época. Os anos 80 e 90 não seriam o que foram sem a existência dele. Mudou, revolucionou, brincou, divertiu, encantou... vendeu milhões, arrastou multidões, gerou um novo modelo, criou uma nova maneira de fazer sucesso... Enfim, mudou algo no mundo, nas vidas. Abriu caminho para uma nova geração de artistas, fez escola. Deixou sua história na história de muitos, e na história da humanidade. Causou polêmicas. Como todo e qualquer ídolo. Veio o ocaso, aquela coisa incômoda para todos os mortais, mas insuportável para os astros...
 
Deve ter sido muito difícil conviver com os problemas que ele enfrentou, e com a saida do palco, dos holofotes. E assim, ele se foi. Termina então a "Era Michael Jackson".
 
Descanse em paz.

31.3.09

Esticando o tempo...

Texto fantástico que recebi da Andrea... Não sei a fonte, se você souber informe por favor.
 
O cérebro humano mede o tempo por meio da observação dos movimentos.
Se alguém colocar você dentro de uma sala branca vazia, sem nenhuma mobília, sem portas ou janelas, sem relógio, você começará a perder a noção do tempo. Por alguns dias, sua mente detectará a passagem do tempo sentindo as reações internas do seu corpo, incluindo os batimentos cardíacos, ciclos de sono, fome, sede e pressão sanguínea. Isso acontece porque nossa noção de passagem do tempo deriva do movimento dos objetos, pessoas, sinais naturais e da repetição de eventos cíclicos, como o nascer e o pôr do sol. Se alguém tirar estes sinais sensoriais da nossa vida, simplesmente perdemos a noção da passagem do tempo.
 
Compreendido este ponto, há outra coisa que você tem que considerar: nosso cérebro é extremamente otimizado. Ele evita fazer duas vezes o mesmo trabalho. Um adulto médio tem entre 40 e 60 mil pensamentos por dia, a maior parte destes pensamentos é automatizada e não aparece no índice de eventos do dia. Para que não fiquemos loucos, o cérebro faz parecer que nós não vimos, não sentimos e não vivenciamos aqueles pensamentos automáticos, repetidos, iguais. Por isso, quando você vive uma experiência pela primeira vez, ele dedica muitos recursos para compreender o que está acontecendo. É quando você se sente mais vivo. Conforme a mesma experiência vai se repetindo, ele vai simplesmente colocando suas reações no modo automático e "apagando" as experiências duplicadas.
 
Se você entendeu estes dois pontos, já vai compreender porque parece que o tempo acelera, quando ficamos mais velhos e porque os Natais chegam cada vez mais rapidamente. Quando começamos a dirigir, tudo parece muito complicado, o câmbio, os espelhos, os outros veículos... nossa atenção parece ser requisitada ao máximo. Então, um dia dirigimos trocando de marcha, olhando os semáforos, lendo os sinais ou até falando ao celular (proibido no Brasil), ao mesmo tempo. E você usa apenas uma pequena "área" da atenção para isso. Como acontece? Simples: o cérebro já sabe o que está escrito nas placas (você não lê com os olhos, mas com a imagem anterior, na mente); O cérebro já sabe qual marcha trocar (ele simplesmente pega suas experiências passadas e usa, no lugar de repetir realmente a experiência). Em outras palavras, você não vivenciou aquela experiência, pelo menos para a mente. Aqueles críticos segundos de troca de marcha, leitura de placa... São apagados de sua noção de passagem do tempo.
 
Porque estou explicando isso? Que relação tem isso com a aparente aceleração do tempo? Tudo.

A primeira vez que isso me ocorreu foi quando passei três meses nas florestas de New Hampshire, Estados Unidos, morando em uma cabana. Era tudo tão diferente, as pessoas, a paisagem, a língua, que eu tinha dores de cabeça sempre que viajava em uma estrada, porque meu cérebro ficava lendo todas as placas (eu lia mesmo, pois era tudo novidade, para mim). Foram somente três meses, mas ao final do segundo mês eu já me sentia como se estivesse há um ano longe do Brasil. Foi quando comecei a pesquisar a razão dessa diferença de percepção. Bastou eu voltar ao Brasil e o tempo voltou a "acelerar". Pelo menos assim parecia.
 
Veja, quando você começa a repetir algo exatamente igual, a mente apaga a experiência repetida. Conforme envelhecemos, as coisas começam a se repetir - as mesmas ruas, pessoas, problemas, desafios, programas de televisão, reclamações... Enfim... As experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. Até que tanta coisa se repete que fica difícil dizer o que tivemos de novidade na semana, no ano ou, para algumas pessoas, na década. Em outras palavras, o que faz o tempo parecer que acelera é a...r-o-t-i-n-a.

Não me entenda mal. A rotina é essencial para a vida e otimiza muita coisa, mas a maioria das pessoas ama tanto a rotina que, ao longo da vida, seu diário acaba sendo um livro de um só capítulo, repetido todos os anos.
 
O ANTÍDOTO PARA A ACELERAÇÃO DO TEMPO: "M&M".
 
Felizmente há um antídoto: Mude e Marque. Mude, fazendo algo diferente e marque, fazendo um ritual, uma festa ou registros com fotos. Mude de paisagem, tire férias com a família (sugiro que você tire férias sempre e, preferencialmente, para um lugar quente, um ano, e frio no seguinte) e marque com fotos, cartões postais e cartas. Tenha filhos (eles destroem a rotina) e sempre faça festas de aniversário para eles, e para você (marcando o evento e diferenciando o dia); Use e abuse dos rituais para tornar momentos especiais diferentes de momentos usuais. Faça festas de noivado,casamento, 15 anos, bodas disso ou daquilo, bota-foras, participe da formatura de sua turma, visite parentes distantes, vá a uma final de campeonato, entre na universidade com 60 anos, troque a cor do cabelo, deixe a barba, tire a barba, compre enfeites diferentes no Natal, ou faça os enfeites com frutas da região e a participação das crianças, vá a shows, cozinhe uma receita nova, tirada de um livro novo. Escolha roupas diferentes, não pinte a casa da mesma cor - faça diferente! Beije diferente sua paixão e viva com ela momentos diferentes. Vá a mercados diferentes, leia livros diferentes, busque experiências diferentes. Seja diferente... V-I-V-A. Porque se você viver intensamente as diferenças, o tempo vai parecer mais longo. E se tiver a sorte de estar casado(a) com alguém disposto(a) a viver e buscar coisas diferentes, seu livro será muito mais longo, muito mais interessante e muito mais v-i-v-o... Do que a maioria dos livros da vida que existem por aí.
 
Cerque-se de amigos. Amigos com gostos diferentes, vindos de lugares diferentes, com religiões diferentes e que gostam de comidas diferentes. Enfim, acho que você já entendeu o recado, não é? Boa sorte em suas experiências para expandir seu tempo, com qualidade, emoção, rituais e vida.

5.3.09

Domingos precisam de feriado

Achei muito interessante este texto e quis compartilhá-lo. Não posso comprovar a autoria e confesso que soa estranho um rabino falando de "Domingo"... Mas a essência do texto nos fará pensar...
 
Domingos precisam de feriado
 
Rabino Nilton Bonder
 
Toda sexta-feira à noite começa o Shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino no sétimo dia da Criação.
 
Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue. Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta. Hoje, o tempo de "pausa" é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações "para não nos ocuparmos". A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo...
 
Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim. Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o Domingo de um feriado...
 
Nossos namorados querem "ficar", trocando o "ser" pelo "estar". Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI; um dia seremos nossos? Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos...
 
Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é "o que vamos fazer hoje?" já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de Domingo. Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande "radical livre" que envelhece nossa alegria: o sonho de fazer do tempo uma mercadoria. Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.
 
Afinal, por que o Criador descansou?
Talvez porquê mais difícil do que iniciar um processo do nada seja dá-lo como concluído.




25.2.09

Vinte anos...

Parece que foi ontem...
 
Pode parecer uma frase de efeito, lugar comum, mas é assim mesmo que penso, que sinto: parece que foi ontem, em um sábado, na Igreja do Lar São Vicente de Paula, em Varginha, que eu e a Rogéria nos casamos...
 
Dia vinte e cinco de fevereiro de mil, novecentos e oitenta e nove, às oito horas da noite... Vinte anos!!!
 
São muitas as lembranças, muitos momentos a recordar. Muitos momentos de alegrias, outros nem tanto... Quanto aprendizado, quantos erros, mas quantos - e muitos mais - acertos.
 
É muito bom ter chegado até aqui, e o melhor, com a certeza de que iremos muito além, muito mais virá.
 
Agradecemos à Deus por tudo o que vivemos, tudo o que somos, e tudo o que fizemos juntos, nestes vinte anos. Muitos outros virão, e certamente serão tão especiais quanto cada um destes.
 
Parabéns para nós dois!!!

19.2.09

Lula critica viagens de Serra em reunião da base aliada.

Na Gazeta do Povo de hoje:

Um dia depois de pedir paz à oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do bombardeio dos adversários e pôs na berlinda as viagens do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Na primeira reunião do ano com o Conselho Político - formado por representantes de 14 partidos da base aliada -, Lula questionou a ida de Serra a Cascavel (PR), na última sexta-feira, onde o tucano participou de um show rural. "A oposição critica Dilma porque ela vai a inaugurações de obras. E o que Serra estava fazendo em Cascavel? Que obra o Estado de São Paulo tem lá?", perguntou o presidente, com uma pitada de ironia. Dilma é pré-candidata do PT à sucessão de Lula e deve enfrentar Serra, que pleiteia a indicação do PSDB.

Lula tirou o caráter eleitoral das viagens e afirmou que Dilma, por ser a coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tem a obrigação de verificar o andamento das obras. Ao negar que o governo esteja antecipando a campanha de 2010, ele garantiu que o Planalto não se intimidará com as queixas do PSDB e do DEM. Contrariado com as críticas, Lula afirmou que não vai deixar de governar nem de levar Dilma a tiracolo nas viagens por causa da eleição de 2010. Foi nesse momento que citou Serra.

Na sexta-feira, questionada sobre os ataques da oposição, que a acusa de pôr o PAC no palanque, a ministra mostrou que tem recebido treinamento político para escapar das polêmicas. "Fui para a cozinha fazer o prato e é natural que esteja presente na hora de servir", reagiu a chefe da Casa Civil. "Estou no palanque desde o dia em que lancei o PAC, em janeiro de 2007, pois minha atividade no palanque é intrínseca à minha função. Este governo tem a mania de falar com o povo. Tem gente que não gosta."

E eu, digo o quê?
É... Este presidente tem mesmo muita moral para falar DE UMA ÚNICA VIAGEM DO SERRA. E é bastante oportuna a comparação das "inaugurações" do PAC com a abertura de uma feira... Seria oportuno também lembrar que a feira, diferentemente do PAC (que não existe sem a propaganda, esta é a verdade), foi um evento financiado pela INICIATIVA PRIVADA com o intuito de fomentar as vendas, atrair e divertir o público. E não para pedir votos!!! Mais uma das espetaculares bravatas deste presidente. Quanta desfaçatez!

25.1.09

Carta do Zé agricultor para o Luís da cidade.

*Luciano Pizzato - 23/01/2009
Luis,
Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava.

Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?!

Pois é. Tô pensando em mudá ai com você.
Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falo que tenho que faze uma outorga e paga uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falo deve ser verdade.

Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falo que se o Juca fosse ordenha as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto.

Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né?

Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco.

Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multo, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato.

O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né?

Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabo... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra.

Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão. Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mes, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende.

Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vende, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nois.

E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça.

Até Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio.

(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

* Engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.

20.1.09

Discurso de Obama repete temas usados por Lula na posse em 2003

Leio na Folha Online: No discurso de posse nesta terça-feira, o 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, repetiu termos usados na cerimônia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando assumiu a Presidência em 2003. Frases como a "esperança venceu o medo" e a "necessidade de traçar novos caminhos" foram usados pelos dois presidentes que, em diferentes épocas e proporções, tomaram posses diante de crises financeiras.
Nesta terça-feira, Obama disse em Washington que "nos reunimos porque escolhemos a esperança no lugar do medo, unidade de propósito sobre a o conflito e a discórdia. Neste dia, vimos proclamar o fim das discordâncias mesquinhas e das falsas promessas, das recriminações e dos dogmas gastos, que por muito tempo estrangularam nossa política"(leia aqui a notícia completa).
E eu, digo o quê?
São os lugares-comuns do discurso de posse de Obama... Vejam o post abaixo. Estou dizendo, é tudo muito parecido. Tenho a impressão, infelizmente, de que já sei o que acontecerá...
Será que eles terão o mensalão também? Será o big monthly?

19.1.09

Mera coincidência?

Como já disse por diversas vezes, não acredito em coincidências. Por força de meu trabalho aprendi a avaliar as ínumeras causas e a convergência de fatores, propositais ou não, dos quais germinam as ocorrências em geral.
 
Em abril de 2002, quando iniciou-se a corrida à sucessão de Fernando Henrique, vivíamos uma razoável tranqüilidade, superadas todas as crises anteriores e com razoáveis condições para um ano sem muitas surpresas. Eis que, quase de repente, abrem-se as comportas do fim do mundo e instala-se uma crise sem precedentes, cujos reflexos talvez ainda cheguem até os dias de hoje. Boa parte desta crise, diga-se de passagem, foi causada pela irresponsabilidade do PT e do então candidato Lula, "contra tudo isto que esta aí" e prometendo inclusive rever as bem-sucedidas privatizações, entre outras sandices.
 
Eleito Lula, tudo mudou. O salvador da pátria - pela primeira vez um presidente-operário !? - fez coisas que repercutirão pelos séculos dos séculos... Amém!
 
Pois muito bem. Recentemente, vínhamos ouvindo os ventos da crise atual desde finais de 2007, mas sem maiores conseqüências, até o acirramento da disputa presidencial americana, depois da longa batalha entre Democratas para a indicação. Flutuações do mercado, alguns solavancos, idas e vindas que sinalizavam algo, mas nenhuma tendência. A partir de determinado momento, porém, a coisa desandou. Crise de verdade, quebradeira, correira, irracionalidade, pânico. Bilhões, trilhões, e nada moutrou-se capaz de estancar a sangria...
 
É claro que por aqui sabia-se que passaria apenas uma marolinha... Não é mesmo? Tanto é que manteve-se o ritmo do consumo (e dos incentivos para tal) e do crédito, dos juros, enfim, quase nada mudou.
 
Eleito Obama, ou melhor, ungido, o cenário mudou: nele estão todas as nossas esperanças. Nossas, da humanidade, do planeta Terra como um todo. Curiosamente, agora ouvimos falar que a crise já chegou, números de Outubro, Novembro e Dezembro já nos mostram a cara do bicho... Enfim, parece que a crise estava aí e nós nem vimos, preocupados que estávamos com o Corinthians saindo da segundona, com as enchentes de Santa Catarina ou com o Papai Noel...
 
Agora depositamos todas as nossas esperanças novamente - não no salvador da pátria, este já com sua missão cumprida e preparando o(a) sucessor(a) - no salvador do mundo - pela primeira vez um presidente negro...
 
Meu lado escopiano-mineiro do cérebro tem incomodado-se com tamanha semelhança...
 
Será tudo isto, desta vez, mera coincidência?

O que houve com o nosso tempo?

Meus avós paternos e meus tios certamente dormiam mais de oito horas por noite, apesar de acordarem muito cedo, quase de madrugada mesmo, quando ainda estava escuro.
 
Em sua modesta casa, nas cercanias de Campos Gerais (MG), à época de minha infância, não havia água encanada, nem esgoto e tampouco energia elétrica. A água vinha de uma mina situada a uns cinquenta metros morro abaixo, carregada em latas e baldes e armazenada em potes de barro. Para o banho de bacia era fervida em latas em um fogão à lenha. O banheiro era externo à casa, construído em cima de uma fossa. A luz era provida por lamparinas de querosene mantidas sobre móveis ou em suportes na parede.
 
Quando em férias por lá, tomávamos banho antes de escurecer (para não ter que buscar água da mina no escuro...) e jantávamos em seguida, por volta das seis da tarde, pouco depois da "Ave Maria". Após a janta, enquanto lavava-se a louça, um pouco de estórias, às vezes pipoca ou um docinho caseiro, rezávmos o terço juntos e íamos para a cama. No máximo ouvía-se a "Linha Sertaneja Classe A" pela então Rádio Record, entre oito e nove da noite, em um rádio de pilha que ficava sobre a cristaleira, na copa. E pronto, dormia-se... Na manhã seguinte, antes das cinco da manhã já acordávamos sentido o cheiro de lenha queimada e do café. Assim passamos diversos períodos de férias, compartilhando com meus avós e meus tios e tias o dia-a-dia de então.

Dava tempo de fazer tudo: as tarefas do dia, visitas a parentes e amigos, ir à cidade, fazer compras, cuidar da horta, consertar e limpar o que fosse necessário...

Já em nossa casa a rotina não era tão diferente: a despeito da casa ser provida de água, esgoto e energia elétrica, até por volta de meus onze anos não tínhamos televisão, somente rádio. Os horários pouco mudavam, pois estudávamos quase todos pela manhã. Caxambú (MG), onde morávamos, então, era uma típica cidadezinha do interior de Minas. E depois, em Varginha (MG), que apesar de ser um centro regional não era tão diferente assim, pouca coisa mudou, exceto quando passei a estudar à noite.
 
Sem telefone, sem celular, sem carro, sem ônibus, sem internet...
 
Desde então têm aumentado consideravelmente as facilidades em minha vida moderna. Moto, carro, telefone, televisão, computador, internet, celular... Tecnologia após tecnologia, inovação, mudança, velocidade... Tudo muito automático, automatizado, mecânico, eletrônico, digital, programável, on-line, real time...
 
Mas e o tempo? Cadê os incontáveis minutos perdidos na fila do banco para sacar, depositar e pagar, que hoje substituímos por uma passada pela internet ou, no máximo, no caixa eletrônico? Cadê as intermináveis horas de pesquisa em bibliotecas e livros velhos, substituidas por um click de mouse no Google? As longas horas de conversa com parentes e amigos, substituídas por frases resumidas no MSN, Gtalk, ou uma olhadela no Orkut...? As cartas que, depois de horas para serem escritas e reescritas, precisavam de selo e de serem entregues lá nos Correios, hoje substituidas por um simples e-mail... Cadê este tempo?
 
Acordo por volta das seis da manhã, às vezes escuro ainda, e vou deitar-me invariávelmente depois da meia-noite, com a sensação de ainda ter um milhão de coisas a fazer - e de ter feito muito pouco. Chega o final de semana e vai-se embora antes mesmo de poder sentar-se para apreciar sua passagem... Todos lamentam-se do pouco tempo disponível para tudo, e até mesmo para as coisas mais importantes: Deus, família, amigos... Alguns amigos comentam que é efeito da idade... Será? Vejo meus filhos e filhos de amigos com a mesma síndrome da falta de tempo...
 
Há algo de estranho nisso tudo. Nosso tempo deixou de ser medido em dias, em horas, e passou a ser contado em segundos, milésimos. Jã não temos mais relógios, mais clock de CPU. Nossas memórias, lembranças, pouco a pouco vão ocupando megabytes e gygabytes de HDs, cartões de memória e pen drives. Temos notícias on-line do mundo inteiro, temos intermináveis listas de números de telefone e celular, e-mails e URLs... Sabemos cada vez menos sobre cada vez mais... Trocamos a qualidade do que fazíamos pela quantidade do que fazemos. Trocamos a emoção das pequenas coisas pela racionalidade das "grandes" realizações, embaladas em uma complexidade disfarçada de progresso que consome nossos cérebros e corações...
 
À cada salto da tecnologia minha lista de coisas à fazer vai aumentando, dia após dia. À cada versão do Windows, do Office, à cada expansão de memória e de disco, dos pixels da câmera e dos recursos do celular, percebo que gasto muito mais tempo fazendo o que não precisaria fazer, aprendedo o que não precisaria conhecer e assim ocupando-me com quase tudo, menos com as coisas mais importantes...
 
O que houve com nosso tempo?

12.1.09

A origem do nome dos meses.

Os nomes dos meses, em sua maioria, originaram-se do Latim. Os romanos, em princípio, consideravam apenas dez meses num ano.
 
Há cerca de 2600 anos o rei Numa decidiu que o ano teria doze meses ao invés de dez. Assim Numa acrescentou dois meses à frente dos demais: Janeiro, originado no deus romano Janus, um deus estranho com duas faces, uma olhando para trás, para o passado, e a outra olhando para a frente, para o futuro. Era o deus do começo, e Numa provavelmente colocou-o para tê-lo como prenúncio de um bom princípio para um ano novo. Fevereiro, originado de "februa", uma comemoração romana, uma festa de purificação celebrada costumeiramente pelos romanos nesta época.
 
Assim, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, significando respectivamente sétimo, oitavo, nono e décimo mês, perderam seu sentido, mas foram conservados, embora não sendo lógicos.
 
Outros três meses foram denominados em homenagem a deuses romanos: Março, ao deus da guerra, Marte; Maio, à deusa dos campos, Maia; Junho, à esposa de Júpiter, Juno.
 
Abril, com raiz na palavra latina "asperiri" (abrir), simboliza a abertura do céu, pois nesse mês sempre chove na Europa, as árvores brotam e as flores começam a se abrir e os campos tornam-se verdejantes. A primavera inicia-se em 21 de Abril no hemisfério norte.

Os nomes Julho e Agosto foram atribuídos em honra a dois famosos imperadores romanos, Julius Caesar e Caesar Augustus.
 
Você sabia?

Os filmes mais conectados de todos os tempos...

Segundo pesquisas, estes são os filmes nos quais o assunto predomina:
 

13º ANDAR
ASSÉDIO SEXUAL
BLADE RUNNER
EU, ROBÔ
JOHNNY MNEMONIC
MATRIX
MINORITY REPORT
PASSAGEIRO DO FUTURO
SWORD FISH
TRON

 
Você já os assistiu? Concorda? Qual a sua opinião?