29.6.12

Liderança: Como gerenciar pessoas inteligentes

SERIAL CEO | Margaret Heffernan

Artistas, designers e desenvolvedores são diferentes, difíceis e -  dependendo de sua estratégia - profissionais fantásticos.

Quando digo para as pessoas que passei 13 anos produzindo programas de rádio e TV e, em seguida, mais 15 anos trabalhando com empresas de software, elas sempre olham intrigadas e perguntam: Qual é a conexão? A resposta é simples: talento. Ambas as indústrias dependem crucialmente de indivíduos altamente criativos, muitos dos quais podem ser excêntricos, independentes e muito caros para se manter. O sucesso em ambas as indústrias depende da capacidade de gerenciar e inspirar talentos. 

Eu não entendia isso no começo. Gostei muito de minhas relações de trabalho produtivas com escritores, atores, designers, programadores e músicos que, por nenhuma outra razão, eu adorava. Eu admirava seus talentos, amava seu espíritos, e queria que eles fossem felizes. Mas, pensando bem, eu pude entender entender que há um pouco mais além disso.

Um grande talento é algo especial e você deve respeitá-lo. Há uma crença popular de que a criatividade é inerente à infância, que as pessoas criativas são crianças que precisam "aprender" e não podem ser contrariadas. Isso está errado. Tentar enquadrar os talentosos é algo contra-produtivo, perverso e até condenável. Mas não deve-se ir para o outro extremo e tratar estas pessoas como se eles fossem feitos de vidro. Elas são difíceis - talvez mais difíceis do que você é - e conhecem seu próprio valor. O que eles mais querem é respeito.

Pessoas criativas não estão interessadas em regras - nem para seu próprio bem - e podem ser altamente inclinadas a quebrá-las. Mas não se deixe enganar. Enquanto elas estão desenvolvendo um importante trabalho, isso é tudo o que importa. Uma vez tive um diretor extremamente talentoso que não queria trabalhar no plano de produção em um escritório aberto. Ele insistiu em ter sua própria sala, minúscula. Discutir com ele sobre isto era desperdício de tempo e resultava em perda da confiança. Ele sabia como ele próprio funcionava, e foi melhor deixá-lo seguir por sua própria conta. 

Pode parecer à primeira vista contraditório, mas eu também acredito que talentos verdadeiros respeitam as restrições. Compositores sabem trabalhar para controlar o tempo em segundos quando escrevem para o cinema ou para a televisão. Escritores apreciam a contagem de palavras e a duração do texto. Portanto, não tenha medo de ser explícito e claro com eles sobre orçamentos e cronogramas. Steve Jobs costumava ter um mantra: "Real artists ships - Talentos reais entregam". Ele estava certo. Verdadeiros profissionais sabem entregar o resultado. Apenas amadores acham que é inteligente fazer o contrário.

Talvez a coisa mais importante a lembrar sobre os verdadeiros artistas é que eles são muito levados a desenvolver-se e e a desenvolver o seu ofício. Eles permanecerão em lugares que permita-lhes fazer isso, e eles vão deixar aqueles nos quais isso não é possível. Isto pode parecer arrogância, mas não é: é apenas um desejo sincero de fazer um trabalho fantástico. E isso pode trabalhar a seu favor, se você apreciar o trabalho deles e os reconhecer.

Rob Goffee e Gareth Jones escreveram um maravilhoso estudo acadêmico sobre este assunto, chamado "Gestão de pessoas inteligentes". É um estudo preciso, mas omite uma coisa: Trate bem as pessoas inteligentes e elas serão as pessoas mais divertidas para se trabalhar no mundo.

27.6.12

7 pecados capitais que você não deve cometer em uma corporação

SÃO PAULO - Andar na linha pode não ser fácil, mas como já imaginado é mais do que necessário em uma corporação - principalmente naquelas em que o comportamento costuma ditar as regras de convivência. Por isso, se você perceber que manter a compostura está complicado demais, que tal repensar suas atitudes e mudar esse jogo?

Segundo a especialista em Soluções de RH da De Bernt Entschev Human Capital, Aline Lumi Takushi, muitos profissionais costumam adotar uma postura inadequada por desconhecimento.

"Tivemos uma profissional da área comercial que certa vez postou, nas redes sociais, algumas fotos em traje de banho. A atitude não pegou bem, já que todos tinham acesso à página dela, mas isso foi logo corrigido após a orientação do gestor que aconselhou a colaboradora a usar filtros em sua página social", conta.

Nesta situação, assim como em tantas outras, foi o gestor o principal responsável pela mudança. "Nem sempre o trabalhador tem a percepção sobre o seu próprio comportamento e como o mesmo reflete em sua vida profissional. Por isso, o feedback é tão importante. Ele pode promover a autoanálise e gerar mudanças", diz a managing partner da Thomas Case & Associados, Izabel de Almeida.

Observe
Uma dica importante para evitar que pequenos erros possam prejudicar sua imagem na corporação é a observação. Isso mesmo! Observe o comportamento dos demais colegas e certifique-se de que suas ações estão realmente de acordo com as políticas da empresa em que atua.

E não se preocupe se alguém lhe der um feedback negativo. Por mais constrangedor que possa parecer, ouça a mensagem com atenção e não tente se justificar, afinal, somente assim você poderá se adequar, de fato, à cultura da sua empresa.

7 pecados capitais
Para ajudá-lo a identificar os erros mais inaceitáveis em uma corporação, o Portal InfoMoney consultou a opinião das profissionais Izabel e Aline, que juntas nos ajudaram a elaborar os 7 pecados capitais que você não deve cometer. Confira!

Gula: deixe de ser 'fominha' e aprenda a dividir seu trabalho com a equipe. Ninguém gosta de um líder centralizador, tão pouco de alguém que não sabe compartilhar suas vitórias com os demais contratados. Por isso, se você pretente manter o clima agradável, bem como seu emprego, que tal repensar a forma como você concentra e distribui suas atividades?

Avareza: acumular riquezas é bom, mas acumular demais, não. Reflita o quanto você deseja progredir na carreira e pense se está disposto a passar por cima das pessoas para atingir os seus objetivos. Se essa for realmente a sua intenção, tome cuidado: certamente sua jornada não será tão boa assim. "O avarento almeja tanto o crescimento que se esquece de analisar os caminhos que deve percorrer - e estes, podem não ser nada bons", diz Alice.

Luxúria: deixar-se dominar pelas paixões pode ser uma atitude nada positiva no trabalho, mais ainda se a pessoa do seu interesse trabalhar com você. Os casos de assédio sexual estão aí para provar esse fato. E mesmo se o envolvimento for consentido, redobre sua atenção: lembre-se que trabalho é trabalho e que a vida pessoal não deve afetar o dia-a-dia da corporação.

Ira: não digerir e metabolizar os acontecimentos pode trazer muita dor de cabeça. O outro extremo também não é nada bom, afinal, explosões de raiva não são adequadas para o ambiente de trabalho. Assim, se você deseja manter um clima agradável na corporação, que tal aprender a trabalhar a raiva e se controlar um pouco melhor? Resolva seus conflitos com seus colegas e não deixe para amanhã aquela conversa que você poderia ter hoje.

Inveja: invejar o crescimento do seu colega pode comprometê-lo em uma organização, especialmente se por essa razão você passar a adotar uma postura inadequada no trabalho. Que tal se ao invés de desejar a capacidade do outro, você investir nas suas reais aptidões?

Preguiça: aversão ao trabalho e lentidão demais podem realmente afetar seu desempenho na corporação, e isso, de uma forma muito negativa, acredite. Tenha em mente que empurrar as coisas com a barriga também implica em se empurrar para fora da empresa, afinal, seu chefe não terá preguiça de demití-lo. Tente descobrir os motivos do problema. Às vezes você pode não estar satisfeito com as tarefas que tem desempenhado na empresa ou mesmo precisa de vitaminas pela manhã.

Vaidade: vaidade bem dosada faz bem, mas em excesso faz com que seus colegas de trabalho o considerem uma pessoa chata. E sabemos que você não ficará nada contente de saber que seus colegas preferem almoçar ou fazer um happy hour sem a sua "maravilhosa companhia". Por isso, que tal conter seu ego um pouquinho? Talvez essa siples atitude possa ajudar a melhorar seus relacionamentos na empresa.

25.6.12

Ditadura militar?

Está aí uma ditadura pior do que aquela que hoje insistem em apelidar de 'ditadura militar'. Como nos dias de hoje, naquele período fui também um crítico. Não lembro de ter sido perseguido, como insistem em afirmar que era o hábito da época aqueles que, por falta de argumento para uma retórica razoável, apelam sem disfarces para o desvirtuado e corrosivo 'ouvi dizer'. 

Que ditadura era aquela que me permitia votar ? Que nunca me proibiu de tomar uma cervejinha num desses bares da vida após as vinte e três horas ? Ou num restaurante de beira de estrada ? 
Que ditadura era aquela que nunca usou cartão corporativo para as primeiras damas colocarem até botox no rosto ou para outros roubarem bilhões de reais do povo brasileiro ? Vi, sim, perseguições, porém contra elementos de alta periculosidade à época, como o eram os Zés Dirceus, Zé Genoino, Dilma Roussef - a Estela - Marco Aurélio Garcia, Diógenes, o assassino do Capitão Schandler, como os que colocaram bombas em lugares públicos, como aquela no aeroporto de Guararapes, cujo resultado foi a morte de gente inocente, ações de subversivos que desejavam implantar no Brasil um regime comunista, e para tal seguiam planos de formar nas selvas o que hoje, na Colômbia, chamam de FARCs. 

Que ditadura era aquela que permitia que a oposição combatesse o governo, como ocorria com deputados como Ulisses Guimarães, apenas para se citar um nome? 
Que ditadura era aquela que jamais sequer pensou em proibir a população de usar armas para se defender, como hoje criminosamente pretendem ? 

Que ditadura era aquela que em nome da democracia, jamais admitiu invasão de propriedades e jamais sustentou bandidos com cestas básicas em acampamentos e jamais impediu a policia de agir, como a ditadura de hoje ? 

Que ditadura engraçada aquela que chegou a criar até partido de oposição! Curiosa essa democracia de agora, em comparação ao que chamam de 'ditadura militar', 'democracia que permite que ladrões do dinheiro público continuem ocupando cadeiras no parlamento e cargos no governo e tolera até mesmo um presidente alegar que 'não sabia', para fugir de sua responsabilidade para com a causa pública. Que ditadura militar era aquela que jamais deu dinheiro de mão beijada para governantes comunistas, amigos de presidnte, como ocorre com a ditadura de hoje e, contra a qual não nos permitem sequer contestação ? 

Que ditadura era aquela que jamais proibiu a revelação das fuças de bandidos em foto e TV como ocorre na 'democracia' de hoje, numa gritante e vergonhosa proteção do meliante, agressor da sociedade ? Escuta telefônica, eis mais uma ação da 'democracia' de hoje e proibida à época 'daquela ditadura militar'. 

Ah...é verdade...Aquela ditadura proibia casamento de homem com homem, sexo explícito na TV alcançando crianças, proibia a pouca vergonha e não dava folga para corruptos que eram cassados quando prevaricavam, sem permitir que a sociedade fosse punida com a permanência no palco da corrupção dos delinqüentes, que hoje fazem CPIs para tapearam a sociedade e se escalam às mesmas como raposas cuidando do galinheiro. 

Caetano Veloso está quieto em relação a essa ditadura que hoje aí está. Apostasia de 'seu ideal'? À época lançou a música 'É proibido proibir'. Hoje se cala. O que ajudou a promover, junto com Chico Buarque, Gilberto Gil e outros, está no poder. Que pelo menos altere o nome da música para os dias de hoje para "É permitido proibir'. E que vá se catar.

PAULO MARTINS 
GAZETA DO PARANÁ
9 de Abril 

17.6.12

Dom Sebastião voltou!!!

Marco Antonio Villa - O Estado de S.Paulo

Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve - e não tem - uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.

Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram - só para ficar na Primeira República - os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.

No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio - com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias - em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.

Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais - graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.

Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus "apóstolos", Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que - vejam a semelhança com a Ave Maria - "o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva". Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.

Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos - quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.

Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: "Subiu, sem se elevar - porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar - porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições...".

Levou para o seu governo os mesmos - e eficazes - instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.

Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.

Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa - para ele - rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um "milagre" do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.

Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é "troco de pinga".

Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição - que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.

E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?   

MARCO ANTONIO VILLA, HISTORIADOR,  É PROFESSOR DA , UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR)
Transcrito de artigo do Jornal "O Estado de São Paulo".

14.6.12

Anchovas e queijo Roquefort na cesta básica já!

Os estados de São Paulo e Paraná proibiram o tabagismo em bares e comércios afins. O argumento usado é que o estado tem o dever de zelar pela saúde do cidadão. Dia desses, num programa policial, lá estava um corpo estirado no chão de um bar, com uma bala na cabeça. Pedaços do cérebro ensopados de sangue esparramados pelo balcão. Ao fundo uma placa enorme: Proibido fumar! Conclusão: é mentiroso o argumento para a proibição do tabagismo.

Dizem que a relação entre a arrecadação de impostos gerados pela indústria tabagista e o gasto em saúde pública tem sido deficitária. Mas, seguindo essa lógica, os obesos, os alcoólatras e os promíscuos também oneram, cada um à sua maneira, o sistema de saúde. Assim não faz sentido culpar apenas um grupo e jamais mencionar os outros. É por isso que, quando criam-se essas benesses governamentais, como educação e saúde pública, discriminações desse tipo tornam-se inevitáveis. Aliás, é capaz de os fumantes, na realidade, estarem poupando o dinheiro do "sistema", já que, como  propagandeiam os ativistas, eles morrem mais cedo do que os não-fumantes - o que significa que eles não poderão onerar por muito tempo a Previdência Social, para a qual contribuíram solidamente durante toda a vida de trabalho.

Há hoje um cerco injusto sobre a indústria tabagista. Ela é penalizada com uma carga tributária altíssima e, por consequência, os tabagistas são penalizados. Com a proibição do tabagismo em bares, o número de penalizados cresce ainda mais. Nos produtos, campanhas aviltantes - além de mentirosas. Quem diz que as campanhas são mentirosas não sou eu. É a 2ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça, a 3ª Vara Cível da Comarca de Criciúma e o desembargador Luiz Carlos Freyesleben. Esse povo negou o pagamento de indenização, em processo movido pela família do Sr. Júlio Soratto. Júlio morreu devido a um carcinoma pulmonar.. O desembargador Luiz Carlos Freyesleben disse, em sua sentença: "O câncer pulmonar é uma doença multifatorial, podendo ter como causa uma multiplicidade de fatores, não só o tabagismo".  Pera lá: ou o tabagismo casusa câncer - e deve-se indenizar todas as vítimas, ou não faz mal - e deve-se eliminar as campanhas anti-tabagistas.

A verdadeira motivação para a proibição é utilizar o Estado como meio de sequestrar o controle sobre a propriedade privada e de proibir que indivíduos capazes de pensar autonomamente façam suas escolhas. Paradoxalmente as proibições em São Paulo e no Paraná foram feitas por dois sociais-democratas: José Serra e Beto Richa. Justo eles, acusados de serem neoliberais, sucumbiram à pressão e lobby de grupos antitabagistas, e infringem o direito básico que qualquer estabelecimento privado tem de determinar autonomamente a sua política tabagista. Os métodos que eles empregam somente podem ter sucesso quando o governo parte para o confisco da propriedade privada - sem qualquer reparação de danos aos proprietários, obviamente. E os proprietários, que em um livre mercado teriam a liberdade de decidir se querem ou não permitir o fumo, têm esse direito confiscado pelo estado. E mesmo o direito dos clientes de frequentar esse ou aquele bar. Afinal, o indivíduo é livre para  cometer o erro que ele quiser, de maneira que ele próprio faça a sua avaliação de de custos e benefícios. E ão me venham com truques retóricos e pseudocientíficos de que os carcinógenos "Classe A" têm efeito sobre os não fumantes.

A questão não é defender ou acusar o tabagismo. É evidente que fumar faz, de um modo ou de outro - causando carcinomas ou não,  mal à saúde. O ninado Júlio Soratto sabe disso como ninguém. Todo mundo sabe disso. Todo fumante hoje sabe disso. Até o desembargador Luiz Carlos Freyesleben sabe disso. Trata-se de apontar a contradição no discurso do Estado.

Se fosse verdade que o Estado importa-se com o bem-estar do cidadão teríamos mais ferrovias, e então as mortes nas estradas diminuiriam.

Agora, sejamos francos: se o governo estivesse realmente preocupado com o nosso bem-estar, você não acha que já teria incluído anchovas e queijo roquefort na cesta básica?

Transcrito da coluna Mas será o Benedito, de Rodrigo Villar Venturi Vieira, no jornal AN Bacacheri de 09 de Junho de 2012.