Tenho ouvido tanto – e de tantos –
sobre a ausência do “Espírito de Natal” nesse estranho e difícil ano de
2020... Que não se enfeitaram as casas, lojas e ruas como antes, com luzes e
cores. Que não se ouve o alarido das ruas e das crianças, as músicas natalinas
tocando nas rádios, nas tevês e no comércio... “Não há motivos para alegrar-se”,
dizem alguns. “Não haverá festas, não devemos comemorar”, decretam outros...
Mas que “Espírito de Natal”
é esse, afinal? É algo que provoca nossos sentidos? É material, humano? Tem que
ser visível, audível, tocável, “cheirável” e comestível? Eu penso que não. Como
cristão e católico, penso que o verdadeiro “Espírito de Natal” é o próprio
Espírito Santo de Deus, aquele que cobriu a Virgem Maria e nela gerou Jesus, o
Cristo, filho de Deus. Como Espírito - sopro Divino da criação - habita em nós
e nos faz um templo vivo, fazendo com que cada um de nós represente a presença
de Deus na terra. E essa presença é mostrada a todo momento na forma de VIDA,
o maior do de Deus para nós. E esse é o Espírito de Natal: o espírito da VIDA:
nasceu Jesus, um menino nos foi dado, o Salvador.
Todas as manhãs desse ano nós
despertamos para a VIDA, esperando um dia melhor, um país melhor, uma VIDA
melhor... E lutamos arduamente para isso - e como lutamos - nesse ano que se
finda. Muitos de nós não resistiram, e não chegaram até aqui... Perderam suas
vidas nessa jornada. Mas a VIDA segue seu curso em nós por meio da ESPERANÇA,
que é fruto da nossa FÉ nesses dias melhores. Dias nos quais nós mesmos,
com a Graça de Deus, deveremos buscar incessantemente, e construir com todas as
nossas forças, nossa coragem, nossos valores, e com a CARIDADE. Sim, a CARIDADE,
que nos torna humanos, cientes de que somos falhos, desiguais, frágeis e que todos
nós necessitamos uns dos outros. Alguns mais, outros menos, mas todos
necessitamos da CARIDADE, do amor fraterno e do amparo nos momentos mais
difíceis, como tantos que temos passado.
Vejo nas mídias e na Internet os
grandes e poderosos do mundo falando sobre o “Grande Reset”, o
recomeço da humanidade em bases diferentes, cuidando da terra, igualando-nos a
todos, tornando-nos serviçais de senhores que querem “somente o nosso bem”... Será?
Pois bem, porque então não trocarmos esse grande reset pelo “Grande
Restore” - para ficar na linguagem da informática - restaurando os
valores, renovando a FÉ, a ESPERANÇA e a CARIDADE? Porque
não celebrar a VIDA e o seu recomeço à cada amanhecer, à cada Natal
e à cada Ano Novo? Recomeçar, sim, mas com aqueles mesmos propósitos de
nossa infância: viver a vida, “bonita”, como diz a música de meu querido e
saudoso homônimo Gonzaguinha! No seio de uma família, na “batida de um coração”,
no sorriso, na liberdade de filhos de Deus com o convívio harmônico com nossas diferenças,
no reconhecimento da diversidade de dons, graças e bens que nos foram colocados
à disposição... Na possibilidade de nos unirmos em torno de causas nobres, de
praticar a CARIDADE e levar a ESPERANÇA a tantos que parecem
desistir pelo caminho!
Que nesse Natal e no Ano Novo que
se avizinha possamos praticar o “Grande Restore”, trazendo de
volta para nossos corações e nossas famílias o verdadeiro Espírito de Natal,
que fortaleça nossa FÉ na VIDA, nos traga a ESPERANÇA e
nos torne agentes da CARIDADE!
Um Feliz Natal, e um Feliz Ano Novo a você e a todos os seus!