14.11.19

Relembrando uma discussão de 2006, para não esquecer os crimes do Petismo!

Meu caro.
 
Contradições em qualquer discurso 'lulopetista' são como grãos de areia na praia... Dá até um certo tédio comentá-las. Em todo caso, em respeito ao fato de você ter se preocupado em me enviar este texto, me senti á vontade para tecer algumas considerações, que seguem abaixo.
 
Quero deixar claro que minha intenção jamais seria mudar sua opção, sua opinião e seu voto. São seus direitos inalienáveis e quase sagrados. Minha intenção é deixar-te claro que nem todos somos vulneráveis à todas essas mentiras e engodos.
 
Diz um ditado árabe que "o diabo fala a verdade nove vezes apenas para mentir de forma convincente na décima vez". E é assim, entremeando verdades e mentiras, misturando fatos, versões e opiniões, e dividindo as pessoas de bem, que o mal vai ocupando os espaços. "Pelos seus frutos os conhecereis: não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvora má dar bons frutos". Esse é o melhor conselho a ser aplicado nessas horas...
 
 
Um cordial abraço,

Luis
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De: xx@xx
 Enviada em: segunda-feira, 16 de outubro de 2006 11:32
Para: xx@xxx
Assunto: RE: Para refletir...

Vejamos agora, qual é a opinião de frei Betto, lulista convicto, apesar de meio decepcionado, e com toda uma história de luta a favor dos miseráveis, sobre o segundo turno das eleições:

CARTA ABERTA AOS ELEITORES CRISTÃOS
                                                        Frei Betto
 A 29 de outubro escolheremos quem governará o Brasil nos próximos 4 anos: Lula ou Alckmin. Os dois são cristãos. Os dois nunca deram mostras de tendência fundamentalista, a de querer submeter a política à autoridade de uma Igreja ou religião.
- Diga isso ao Arcebispo do Rio de Janeiro, que recebeu até liminar proibindo qualquer comentário sobre a proposta abortista de Lula et caterva que tramita em segredo na Câmara... Leia o estatuto do PT e verá que não é somente a religião, mas a cultura e tudo o mais que DEVE ser submetido à "autoridade". Nada escapa à sanha autoritária PeTralha.
A política é laica, ou seja, neutra em matéria de religião.
- Errado. Um governante sem fé tudo pode, pois não haverá de confrontar suas vontades com as leis de Deus. O cara ainda diz que escreve isso para "ELEITORES CRISTÃOS" com essa desfaçatez? É muita cara de pau!!!  Está na Mensagem a Laodicéia (Carta ao Povo Julgado): "Conheço as tuas obras: não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou quente! Mas como és môrno, nem frio nem quente, vou vomitar-te!". Estado Laico é um Estado môrno. Essa conversa serve apenas para subjugar os valores morais dos verdadeiros cristãos.
Ela visa ao conjunto da população, sem levar em conta as convicções religiosas do cidadão ou cidadã. A todos o governo tem a obrigação de servir, assegurando-lhes direitos, proteção e o mínimo de bens para que possam viver com dignidade.
Se nenhuma religião tem o direito de tutelar a política, isso não significa que a política deva se confinar no pragmatismo do jogo de poder. A política se apóia em valores éticos. E nós, cristãos, temos como fonte de valores a Palavra de Jesus. É à luz do Evangelho que avaliamos todas as esferas da atividade humana, inclusive a política ­ que é a mais importante delas, pois influi em todas as outras.
- Errado. A construção do Reino de Deus e da Sua Justiça são mais importantes do que a ação política, que deve ser fruto daquelas e norteada por elas. "Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será dado em acréscimo".
Para Jesus, o dom maior de Deus é a vida. Está mais próxima do Evangelho a política que favorece condições dignas de vida à maioria da população. É neste ponto que as políticas do PSDB e do PT ganham contornos diferentes.
- Errado. Para Jesus, os maiores dons de Deus são o amor e a obediência à Ele. Tanto que ele sacrificou sua vida por obediência ao Pai e por amor aos homens. E Ele mesmo disse: "Quem quiser salvar sua vida, perde-la-á, mas quem perder sua vida por amor ao próximo, ganha-la-á".
Os dois partidos tiveram desvios éticos? Sem dúvida. Como ironiza Jesus, atire a primeira pedra quem não tem pecados. Errar é humano. Persistir no erro é abominável. Se um membro da família erra, não se pode condenar por isso toda a família. O grave é quando a família toda abraça o caminho do erro.
Este foi o caso do PSDB, partido de Alckmin, nos 8 anos em que FHC (Fernando Henrique Cardoso) governou o Brasil (1994-2002). Empresas públicas foram privatizadas. Grandes empresas brasileiras ­ Vale do Rio Doce, Embratel, Telebrás, Usiminas etc - patrimônios do povo brasileiro, cujos lucros engordavam os cofres do Estado, foram vendidas a preço de banana, e os lucros passaram a ser embolsados por corporações privadas, muitas delas estrangeiras.
- Olha a baita contradição: se quem privatizou foi o FHC (=membro da família), e não o Alckmin, então porque este é também "culpado" ? Isso não é culpar "toda a família"? Pela lógica do texto, posso deduzir então que se alguns dos PeTralhas (=membros) cometeram crimes, então todos (=família) são criminosos? Não é exatamente o oposto do que tenta nos dizer o "Frei" ? Aliás, a propósito desse assunto, sou totalmente a favor da privatização. A julgar pelo sucesso da privatização da Telebrás, da Embraer e da Vale, logo estaríamos pagando R$ 0,75 (isso mesmo, setenta e cinco centavos) pelo litro da gasolina, igual à nossos "hermanos" Venezuelanos, para quem a Petrobrás refina e exporta gasolina a esse valor... Além disso, não teríamos PeTralhas infiltrados em Estatais e Fundos de Pensão com o único intuito de enriquecer e fazer "caixa 2". É por isso que o PT morre de medo das privatizações. E acho que essa frase final, "o grave é quando toda a família abraça o caminho do erro" é mais um ato falho. Afinal, em termos de "família abraçando o caminho do erro", o PT é um belíssimo exemplo... Não apenas de "desvios éticos", mas de crimes mesmo. Por isso é que os chamo de PeTralhas. O que é pior: vender uma Estatal ou roubar uma Estatal?
Lula não privatizou o patrimônio público.
- É verdade. Ele PeTizou o patrimônio público: tornou-o propriedade particular dos petistas! Precisamos urgentemente reestatizar a Petrobrás, os Correios, a Eletrobrás, Furnas, Itaipú... Todas eram nosso patrimônio, que está sendo dilapidado por petistas incompetentes, corruptos e ávidos por dinheiro...
Eleger Alckmin pode ser o primeiro passo para a privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal  e dos Correios.
No governo FHC, as políticas sociais eram tímidas e assistencialistas. O Comunidade Solidária era uma iniciativa nanica comparada à grandiosidade do Bolsa Família, que hoje distribui renda para mais de 40 milhões de pessoas. Graças a isso, de cada 100 brasileiros que viviam na miséria, nos últimos 4 anos 19 passaram à classe média.
- Sim. Issoé quase uma verdade. Porquê a renda da "Classe Média" caiu 37%  no maravilhoso governo Lula. Ou seja: o milagre não é melhorar a vida dos miseráveis, mas tornar mais pobres aqueles que ainda tinham conseguido alguma coisa na vida...
No governo Lula houve, sim, desvios éticos: o caso Waldomiro Diniz; o 'mensalão' e os 'sanguessugas'; a quebra do sigilo bancário do caseiro de Brasília; o dossiê contra Serra. Não há nenhuma prova de que o presidente soubesse antecipadamente dessas operações inescrupulosas. E ao virem a público, ele tratou de demitir os envolvidos.
- Errado e errado: "Desvios éticos" não: crimes! E "ele" não "tratou de demitir os envolvidos", mas os poucos que foram afastados o foram "a pedido", o que dispensa comentários. E sabe porquê, meu caro Jean? Porque um funcionário público demitidido, dispensado "a bem do serviço público" não pode, nunca mais, servir à nenhum orgão da administração direta ou indireta, nos três níveis de Governo. E Lulinha não iria querer isso para "os meninos", seus "companheiros", não é?
No governo FHC, dinheiro público foi usado para tentar socorrer bancos privados: o Proer. O Banco Econômico recebeu R$ 9,6 bilhões. Instalou-se uma CPI que, controlada pelo Planalto, justificou a maracutaia e nunca investigou a Pasta Rosa que continha os nomes de 25 deputados federais subornados pelo Econômico. Houve ainda os casos dos precatórios; da compra de votos para aprovar a emenda constitucional que permitiu a reeleição de FHC; do socorro aos bancos Marka e FonteCidam no valor de R$ 1,6 bilhão (os tucanos impediram a instalação da CPI para investigar o caso); as falcatruas na Sudam etc.
Nada foi apurado, porque o Procurador-Geral da República, Geraldo Brindeiro, conhecido como ³engavetador-geral², engavetou, até maio de 2001, 242 processos contra o governo e arquivou outros 217, livrando os suspeitos de qualquer investigação: 194 deputados federais, 33 senadores, 11 ministros e ex-ministros, e o próprio presidente da República.
- Se tudo isso fosse verdade, e se tudo fosse tão claro assim, porquê o governo Lula, probo, honesto, defensor da ética e cumpridor de seus deveres morais não tratou de investigar tudo assim que tomou posse, e mandar todos para a cadeia??? Hein? Será porquê é melhor ficar disparando essas bravatas a qualquer nova falcatrua PeTralha que aparece todo dia? Só de juros aos Bancos, meu caro Jean, o (des)Governo Lula já pagou mais de 15 PROER's. Isso sem contar o roubo que é o tal "crédito consignado", verdadeir assalto à velhinhos  aposentados e funcionários públicos endividados até os cabelos e pagando juros de agiota, com a recomendação e a benção do Governo Lula. O BMG que o diga...
O governo FHC tratou os movimentos populares como caso de polícia, e não de política. Remeteu o Exército para reprimir o MST e os petroleiros em greve. Lula jamais criminalizou movimentos sociais e, sob o seu governo, a Polícia Federal levou à prisão gente graúda, dos donos de uma grande cervejaria a juízes, e inclusive petistas envolvidos no caso do dossiê anti-Serra.
- É mesmo. Prenderam dois bagrinhos Petralhas, que já foram soltos... e nem puderam mostrar as fotos da dinheirama suja. Já as donas da Boutique e os donos da Cervejaria... E chamar o MST, aqueles guerrilheiros marxistas-trotkistas de "movimento social" é abusar da boa vontade alheia, né?
O governo Lula reforçou a soberania do Brasil.
- É verdade. Inclusive a Bolívia... A BO-LÍ-VIA nos respeita pra caramba, meu!!! Mas nós somos melhores que o Haiti!!!
Repudiou a Alca proposta pelo governo Bush; condenou a invasão do Iraque; visitou a cada ano países da África; abriu as portas de nossas universidades a negros e indígenas; estendeu energia elétrica aos mais distantes rincões; manteve a inflação sob controle;
- Pô, ele podia ao menos reconhecer a paternidade do Plano Real, aquele mesmo ao qual o PT era radicalmente contra!
impediu a alta do dólar; reduziu os preços dos gêneros de primeira necessidade; ampliou o poder aquisitivo dos mais pobres, através do aumento do salário mínimo.
- E com toda essa "bondade" está levando à falência milhares de homens honestos e trabalhadores que retiram do chão o seu sustento e o de milhões de outros: os agricultores!
Lula ainda nos deve muito do que prometeu ao longo de suas campanhas presidenciais, como a reforma agrária. Porém, o Brasil e a América Latina serão melhores com ele do que sem ele. Se você está convencido disso, trate de convencer também outros eleitores.
- Errado: Lula deve muito, mas a maior dívida dele nem é mais conosco, com o povo. E duvido que tenha condições de pagá-la nesta vida, embora, como Cristão, reconheça que as portas do Reino de Deus sempre estarão abertas para qualquer pecador que se arrependa...

Vamos votar na vida ­ e 'vida para todos' (João 10,10). Vamos reeleger Lula presidente!
- Errado: a "vida para todos, e em abundância" é dada por Deus para aqueles que seguem e ouvem Seu "filho muito amado". Aqui na terra, vamos votar na honestidade, na verdade, no trabalho: vamos votar em Geraldo Alckmin!
Frei Betto é frade dominicano e escritor, autor de 53 livros, e assessor de movimentos sociais
- Faltou completar: Frei Betto é defensor da "Teologia da Libertação" condenada por dois papas, defensor dos regimes totalitários espalhados pelo mundo, relativiza o genocídio de milhões de inocentes em nome do socialismo e é unha e carne com o ditador Fidel Castro. Além disso, em várias oportunidades tentou justificar os atentados terroristas de 11 de setembro. Acha normal a existência dos homens-bomba e a sanha odiosa que professam contra o Ocidente. E faz parte da "família" PeTralha que "abraçou o caminho do erro".

20.9.19

O que penso do governo do PR Jair Bolsonaro.

Uma pequena analogia para demonstrar o que penso sobre o governo Bolsonaro (e a missão do próprio PR): quando micróbios atacam nosso organismo, a reação de nosso sistema de defesa nos assusta, com febre, calafrios, dor de cabeça, entre outros sintomas. E até mesmo causa nojo, como no caso do catarro e do pus que o organismo produz e expele. Mas o verdadeiro mal nós vamos percebendo aos poucos - quando e se isso ocorrer - como os exames, os cuidados médicos. Nossa pátria, nossa sociedade, nossa economia - ou seja, nossas vidas - foram e continuam a ser atacadas incessantemente por diversos males, e a reação aí está: a alguns de nós essa reação causa nojo, a outros, desconfortos e até mesmo outras dores. Mas a causa, o verdadeiro mal, vai se revelando aos poucos (ou descaradamente, em alguns casos), assim como os seus artífices. Minhas intenções, esforços e orações são para que o paciente - o Brasil - consiga superar, sobreviver e recuperar-se desse estado lastimável a que fomos conduzidos pelas forças do mal.

1.9.19

Discurso do Embaixador Nestor Forster Jr. na condecoração de Olavo de Carvalho com a Ordem do Barão de Rio Branco

Quero mais uma vez dar as boas-vindas a todos que nos acompanham nesta cerimônia singela, mas plena de significado. A concessão de medalhas e condecorações faz parte da rotina da vida cívica e militar. No Brasil, todo ano, são distribuídas comendas a brasileiros e estrangeiros que se destacam por seu serviço e mérito. No entanto, a decisão do Presidente da República Jair Bolsonaro de conceder ao professor Olavo de Carvalho a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco nada tem de rotineira, mas, ao contrário, possui um caráter verdadeiramente extraordinário.
Em primeiro lugar, é desnecessário dizer o professor preenche com sobra os critérios fixados no regulamento da Ordem de Rio Branco, de “serviços ou méritos excepcionais” ao Brasil. Se tomarmos apenas o fato bruto de sua vasta obra publicada, mais de vinte volumes, que tratam dos mais variados temas filosóficos, desde a hermenêutica aristotélica, passando pela crítica a Maquiavel e Descartes e ao questionamento dos fundamentos da filosofia moderna, pelo magistral panorama da evolução da cultura ocidental à luz do materialismo e da religião civil em O Jardim das Aflições, até a formulação de uma teoria original para a compreensão do fenômeno da mentalidade revolucionária desde o seu surgimento, para não falar de seus best-sellers de crítica cultural, O Imbecil Coletivo e O Mínimo que Você Precisa Saber para não ser um Idiota.
Mas a contribuição de Olavo de Carvalho à filosofia e à cultura brasileira certamente ultrapassa a sua obra publicada: juntamente com a atividade de filósofo, escritor e jornalista, ele desenvolveu, desde a década de 80, uma atividade docente igualmente original: a formação de uma nova classe intelectual no Brasil, buscando o resgate e a redenção da alta cultura em nosso país. Como se conectado a uma fonte perene de conhecimento e sabedoria, o professor não pára de ensinar há mais de 40 anos, por todos os meios a seu alcance, em cursos, seminários, livros, apostilas, artigos de jornal, podcasts, hangouts, live streaming, cursos online, etc.
O Professor Olavo de Carvalho foi reconhecido por alguns dos maiores intelectuais brasileiros das mais variadas origens e orientações: de Jorge Amado ao Embaixador Roberto Campos, que por sinal morou aqui nesta casa, e que reconheceu em Olavo “um filósofo de grande erudição”. Carlos Heitor Cony afirmou que Olavo de Carvalho se destaca “porque pensa, reflete, e é de uma honestidade intelectual que chega a ser cruel”. Herberto Sales disse louvar “a coragem e a lucidez de suas idéias e a maneira admirável como as expõe”; colheu elogios e apreço do embaixador José Oswaldo de Meira Penna, do escritor Josué Montelo, e de tantos outros.
Quem o conhece sabe que ele é de uma generosidade de caráter e de uma bondade absolutamente extraordinárias, sempre pronto a ajudar o próximo, mesmo com sacrifício pessoal. Isso faz dele, mais do que um intelectual ou um filósofo, um homem verdadeiramente sábio, que busca viver o que sabe e ensina.
É impossível, nestas breves palavras, fazer justiça à vastidão quase ilimitada de seus interesses filosóficos, à profundidade de seus insights, à amplitude das questões filosóficas clássicas que enfrentou com originalidade, se não mesmo as que identificou e formulou por conta própria. Ao contrário dos pseudo-luminares acadêmicos que passam a vida estudando a obra de um só filósofo e jamais enxergam a densa e bela floresta do conhecimento e da sabedoria, o Professor Olavo de Carvalho dedicou a sua vida a empregar o método filosófico para conhecer algo chamado a realidade. A sua definição de filosofia como “a busca da unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice-versa” sintetiza perfeitamente o seu projeto e as suas realizações.
Permitam-me a destacar apenas três dessas realizações no campo filosófico, que a mim parecem mais salientes:
A primeira: Olavo de Carvalho propôs o que chamou de “nova perspectiva” para ler Aristóteles, articulando quatro obras de Aristóteles, a Poética, a Retórica, a Dialética (os Tópicos) e a Analítica (Lógica) em sua “Teoria dos Quatro Discursos”. Em uma frase, em sua formulação original, “o discurso humano é uma potência única, que se atualiza de quatro maneiras diversas: a poética, a retórica, a dialética e a analítica (lógica)”. O professor percebeu, em genial intuição, a unidade que existe entre essas quatro ciências do discurso, que constituem graus de crescente credibilidade, numa escala que começa com o discurso do imaginável próprio da poética, passando para o discurso do verossímil, na retórica, ao discurso do provável na dialética e finalmente ao discurso da demonstração que encontramos na lógica. Olavo mostra que esses quatro degraus surgiram historicamente nessa ordem, que nenhuma cultura começou com o discurso retórico antes de ter desenvolvido o discurso poético, e assim por diante. Os inúmeros insights que decorrem dessa teoria ainda vão inspirar muitos estudos e constituem talvez a maior contribuição original à compreensão da obra de Aristóteles feita por um filósofo brasileiro.
Segunda: Todos aprendemos que a filosofia moderna começa com a dúvida radical que teria levado Descartes a perceber o cogito ergo sum, conforme expôs em suas Meditações de Filosofia Primeira. Pois o professor Olavo de Carvalho resolveu reconstituir passo a passo a investigação ali proposta por Descartes, seguindo o método sugerido por Paul Friedländer em sua obra clássica sobre Platão, e descobriu que o pai da filosofia moderna cometeu enorme engano ao propor a dúvida metódica como fundamento de um conhecimento mais seguro do que aquele da filosofia clássica ou da escolástica. Para quem quiser seguir o itinerário proposto pelo Professor, sugiro que leia sua obra Visões de Descartes ou assista as diversas aulas de seu curso online sobre o tema.
Finalmente, dentre as inúmeras contribuições originais de Olavo de Carvalho à Filosofia Política e à Ciência Política, a definição científica do fenômeno da mentalidade revolucionária está certamente entre as de maior alcance. Objeto de aulas, artigos e palestras, a teoria formulada pelo Professor mostra que, desde suas origens mais remotas, nos movimentos messiânicos e apocalípticos dos séculos XIV e XV, todas as revoluções subseqüentes, da francesa à soviética, chinesa, cubana, etc. possuem uma característica comum: todas essas revoluções projetos de reforma integral da sociedade, do mundo, da natureza, mediante uma inédita concentração de poder nas mãos da elite revolucionária, detentora exclusiva do conhecimento redentor, da mesma forma que os líderes gnósticos do passado se julgavam portadores das chaves para o paraíso, não mais no fim dos tempos, mas dentro do tempo histórico. E essa concentração de poder decorrente do alegado conhecimento de um suposto “mundo melhor” opera com base na inversão do sentido do tempo. O comum dos mortais vive em um presente em fluxo permanente, desde um passado que não pode ser mudado, e por isso pode ser conhecido, em direção a um futuro desconhecido, mas moldável de acordo com os desejos humanos. Para a mente revolucionária, como a descreveu o Professor, opera-se uma inversão fundamental desse sentido habitual do tempo que temos todos. É em nome de um futuro conhecido e anunciado pela elite revolucionária que ela concentra o poder no presente e reescreve o passado, que já não é mais imutável, mas é refeito constantemente em função do projeto futuro.
É esse conceito fundamental da filosofia do nosso agraciado que permite explicar por que a revolução americana não foi propriamente uma revolução: ela não alterou o sentido comum do tempo histórico e, em vez de concentrar poder, distribuiu o poder da metrópole entre as treze colônias originais; e em vez de destruir as tradições, preservou-as. Essa é uma contribuição fundamental do Professor Olavo de Carvalho que ainda aguarda publicação em forma de livro.
Sras. e Srs.,
Talvez o aspecto mais visível do caráter extraordinário dessa homenagem ao professor, é que não se trata apenas de uma homenagem do Presidente da República, de nosso Chanceler e de todo o Itamaraty, de seus milhares de alunos no Brasil e no exterior, mas de todos os brasileiros de bem que, cansados de ver a pátria aviltada e assaltada por criminosos, saíram às ruas em protesto com cartazes em que proclamavam “Olavo tem razão”.
Mas no que exatamente Olavo tem razão?
Considerada a amplitude da obra de Olavo de Carvalho, a frase adquire o caráter de um símbolo com inúmeros significados. Olavo certamente tem razão no diagnóstico da patológica decadência cultural do nosso país: ao longo dos últimos 40 ou 50 anos, nossas expressões culturais foram quase todas reduzidas ao nível meramente antropológico, fruto da traição dos intelectuais que trocaram a busca da verdade e do conhecimento pela vassalagem à ideologia e às benesses do poder, nas universidades e na mídia, a serviço do marxismo cultural e de um projeto de poder totalitário, frontalmente contrário aos valores mais caros do povo brasileiro.
Olavo tem razão também quanto ao tratamento que recomenda para curar essa doença espiritual: a recuperação de nossa alta cultura, o revigoramento de nossas mais elevadas tradições na literatura e na crítica literária, na filosofia, na historiografia, na música e nas artes. Em uma palavra, na restauração da inteligência e do amor à verdade. E é a esse enorme projeto de restauração cultural que ele tem dedicado o melhor de seus esforços.
É esse projeto de restauração cultural do Professor Olavo de Carvalho que acredito traz um certo paralelo com a grande obra do patrono de nossa diplomacia, cujo lema, que constava de seu ex-libris, era ubique patriae memor “em toda parte me lembrarei da pátria”, que está gravado na condecoração. O Barão, usando os seus inigualados conhecimentos de história, geografia e cartografia do Brasil do período colonial, conseguiu, por meio da negociação diplomática, acrescentar ao território nacional uma área equivalente ao atual território de França e Alemanha combinados.
Eu diria que, com o mesmo espírito patriótico, de quem se lembra do solo materno mesmo longe dele, porque o traz consigo em seu íntimo, o Professor Olavo de Carvalho reconquistou para o Brasil territórios espirituais talvez ainda mais extensos. Ele recolocou em circulação idéias, conceitos, e autores que haviam desaparecido, não só de nossas livrarias e bibliotecas, mas de nossa memória e imaginação. O Professor venceu a ditadura esquerdista que dominava a vida intelectual brasileira até poucos anos atrás, fingindo possuir o monopólio do que poderia ser pensado.
O Professor Olavo de Carvalho trouxe de volta, ou colocou em circulação pela primeira vez, um sem número de autores brasileiros como Gustavo Corção, Miguel Reale, José Geraldo Vieira, Mário Ferreira dos Santos, o Otto Maria Carpeaux da monumental História da Literatura Ocidental, Fidelino de Figueiredo, Álvaro Lins, os nossos José Guilherme Merquior e José Oswaldo Meira Penna, Bruno Tolentino, Paulo Mercadante, o Pe. Leonel Franca, para ficar só nesses.
E fez o mesmo por filósofos como Ortega y Gasset, Julian Marias, e Xavier Zubiri, Hugo de S. Vitor, Joseph Marechal, André Marc, e Louis Lavelle, René Girard, Eric Voegelin, Giovanne Reale, Leszek Kolakowski, Dietrich von Hildebrand, Bernard Lonnergan e Roger Scruton; historiadores como Hyppolite Taine, Ricardo de la Cierva, Régine Pernoud, Johann Huizinga, Leopold Von Ranke; escritores como Leon Bloy, Julian Green, François Mauriac, Alain, Georges Bernanos, Flannery O’Connor e Jakob Wasserman ; por estudiosos da psicologia como Maurice Pradines ou Lipon Szondi, cientistas políticos Bertrand de Jouvenel, historiadores da cultura, como Christopher Dawson, Alois Dempf, Ernst Robert Curtius; historiadores da filosofia, como Paul Friedländer, Frederick Coppleston, Gullermo Fraile; historiadores da Igreja Malachi Martin, críticos literários como F. R. Leavis, Northrop Frye; críticos da cultura como Richard Weaver, Roger Kimball, Henry Redner, críticos da ciência como Wolfgang Smith… A lista não tem fim, e esses são só os de primeiríssima linha…
Olavo recuperou imensidões intelectuais e espirituais para a vida cultural do Brasil.
Para encerrar, quero lembrar um dos capítulos da obra “O Futuro do Pensamento Brasileiro”, que o Professor Olavo de Carvalho publicou em 1997. Ali, ele busca investigar o que o Brasil tem a dizer ao mundo e quais as nossas contribuições que deverão sobreviver à passagem dos séculos. Na esfera do pensamento, ele identifica quatro contribuições que “são os pontos mais altos alcançados pelo pensamento brasileiro no seu esforço de cinco séculos para erguer-se à escala do universalmente humano.” São eles: a sociologia de Gilberto Freyre, o pensamento jurídico e político de Miguel Reale, a obra crítica e historiográfica de Otto Maria Carpeaux, e a filosofia de Mário Ferreira dos Santos.
Não tenho a menor dúvida de que, daqui a muitos anos, quando Nosso Senhor já tiver chamado o Professor Olavo de Carvalho para junto de Si, o estudioso que procurar repetir essa investigação, sobre o que há de perene e universal no pensamento brasileiro, haverá de acrescentar um quinto lugar à mesa, destinado ao pensamento e à filosofia de Olavo de Carvalho.
Quero mais uma vez agradecer ao meu querido amigo e Professor Olavo de Carvalho por tudo o que tem feito pela cultura brasileira, e cumprimentá-lo e à sua família aqui presente, à sua mulher Roxane, seus filhos Pedro e Leilah, por essa condecoração e tudo o que ela simboliza como reconhecimento de uma vida à serviço da busca da verdade e do conhecimento.
Muito obrigado

26.8.19

Belíssima oração da manhã que aprendi com minha saudosa mamãe, Maria José Vilela de Paulo.

Senhor,
No silêncio deste dia que amanhece
Venho pedir-te a paz, a sabedoria, a força e a coragem.
Quero olhar o mundo com os olhos cheios de amor.
Ser paciante, compreensivo, manso e prudente,
Ver além das aparências teus filhos
Como tu mesmo os vês,
E assim não ver mais que o bem em cada um.
Cerra meus ouvidos à toda maldade,
E que só de bençãos encha o meu espírito.
Que eu seja tão bondoso e alegre
Que todos os que se achegarem a mim
Sintam a Tua presença.
Reveste-me de tua beleza, Senhor,
E que no decorrer deste dia e deste ano
Eu Te revele a todos.
Amém.

18.6.19

Relembrando o Dia do Palíndromo - Publicado em 20/02/2002

No dia 20 de fevereiro de 2002, ocorreu, durante um minuto, um evento que só aconteceu uma vez há mais de mil anos e que nunca mais ocorrerá !

Às 20 horas e 02 minutos do dia 20 de fevereiro do ano 2002 ou, em marcação digital: 20:02 20/02 2002 ou em qualquer outra ordem, como ano, dia, mês, hora: 2002 20/02 20:02.

É um registro com perfeita simetria numérica, chamado palíndromo ou capicua como é conhecido em Portugal.

Dividindo tudo por 2, encontramos outro momento às 10:01 do dia 10 de janeiro de 1001, há mais de mil anos atrás. Mas a última ocasião em que teria ocorrido tal padrão simétrico teria sido às 11:11 do dia 11 de novembro de 1111, a 891 anos atrás. Ocorre que naquela época os relógios digitais não existiam, e nem relógio mecânico que só foi inventado em 1275. Além disto naquela época o calendário vigente era o Juliano e não o Gregoriano que adotamos atualmente desde 1585. Por isso fica difícil precisar quando exatamente teria ocorrido uma situação semelhante, uma data em que se pode ler tanto de trás para frente como de frente para trás.

Só nos resta aguardar o dia 21/12 às 21:12 do ano de 2112.

Enquanto isto você pode despertar a curiosidade dos alunos desprezando as horas e pesquisando datas "palíndromas" que teriam ocorrido e que provavelmente ocorrerão no futuro como o 30 de março de 3003. Isto, é claro, se continuarmos fazendo nossa parte na preservação do planeta Terra.

Curiosidades à parte é importante que se tenha claro que tais coincidência não tem nenhum sentido ou valor para o matemático. 

Extraído de http://www.matematicahoje.com.br/telas/cultura/curiosidades/curiosidades.asp?aux=H