21.1.08

Recordando...

Neste final de semana realizei uma epopéia para levar minha família - a Rogéria e as "crianças" - para o Sul de Minas, para passarem uns dias de férias na casa dos pais dela.

"Epopéia" porque fomos de carro, e as estradas tem trechos em condições miseráveis de tráfego... Duas das principais rodovias do País, a BR-116 (Régis Bittencourt) e a BR-381 (Fernão Dias), com tráfego intenso de caminhões, e ligando importantes capitais de estados, com a conservação (???) há muito igual a zero... Só deteriorando! E, nessa época do ano, com chuvas intensas, crateras vão se formando nas pistas, deixando para nós, pobres motoristas (e pagadores de impostos, taxas e contribuições...), apenas a alternativa de trafegar a 40 Km/h, no máximo. E ainda ficar "torcendo" para que a privatização venha logo, como última esperança de melhoria... Talvez seja essa mesmo a idéia: torcer para que as "metamorfoses ambulantes" no poder façam tudo aquilo que antes, quando eram de oposição, "era coisa do mal"... E continuar pagando impostos, taxas, contribuições e mais o PEDÁGIO!

Mas o assunto deste post é agradável: rever a minha querida Minas Gerais, cheia de morros e montanhas, rios e as inúmeras cidades (zinhas e as nem tanto mais...) me trouxe um ar nostálgico, um ar assim de Casimiro de Abreu que, tirando o mar - ou substituindo-o pelos ribeirões, tudo o mais retrata em sua obra prima, como segue abaixo:

MEUS OITO ANOS
Casimiro de Abreu
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias,
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
O mar é - lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida - um hino d'amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! Dias de minha infância,
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã !
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito.
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

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