*Luciano Pizzato - 23/01/2009 |
Luis, Quanto tempo. Sou o Zé, seu colega de ginásio, que chegava sempre atrasado, pois a Kombi que pegava no ponto perto do sítio atrasava um pouco. Lembra, né, o do sapato sujo. A professora nunca entendeu que tinha de caminhar 4 km até o ponto da Kombi na ida e volta e o sapato sujava. Lembra? Se não, sou o Zé com sono... hehe. A Kombi parava às onze da noite no ponto de volta, e com a caminhada ia dormi lá pela uma, e o pai precisava de ajuda para ordenhá as vaca às 5h30 toda manhã. Dava um sono. Agora lembra, né Luis?! Pois é. Tô pensando em mudá ai com você. Não que seja ruim o sítio, aqui é uma maravilha. Mato, passarinho, ar bom. Só que acho que tô estragando a vida de você Luis, e teus amigo ai na cidade. To vendo todo mundo fala que nóis da agricultura estamo destruindo o meio ambiente. Veja só. O sitio do pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que pará de estuda) fica só a meia hora ai da Capital, e depois dos 4 km a pé, só 10 minuto da sede do município. Mas continuo sem Luz porque os Poste não podem passar por uma tal de APPA que criaram aqui. A água vem do poço, uma maravilha, mas um homem veio e falo que tenho que faze uma outorga e paga uma taxa de uso, porque a água vai acabá. Se falo deve ser verdade. Pra ajudá com as 12 vaca de leite (o pai foi, né ...) contratei o Juca, filho do vizinho, carteira assinada, salário mínimo, morava no fundo de casa, comia com a gente, tudo de bão. Mas também veio outro homem aqui, e falo que se o Juca fosse ordenha as 5:30 tinha que recebe mais, e não podia trabalha sábado e domingo (mas as vaca não param de faze leite no fim de semana). Também visito a casinha dele, e disse que o beliche tava 2 cm menor do que devia, e a lâmpada (tenho gerador, não te contei !) estava em cima do fogão era do tipo que se esquentasse podia explodi (não entendi ?). A comida que nóis fazia junto tinha que faze parte do salário dele. Bom, Luis tive que pedi pro Juca voltá pra casa, desempregado, mas protegido agora pelo tal homem. Só que acho que não deu certo, soube que foi preso na cidade roubando comida. Do tal homem que veio protege ele, não sei se tava junto. Na Capital também é assim né, Luis? Tua empregada vai pra uma casa boa toda noite, de carro, tranquila. Você não deixa ela morá nas tal favela, ou beira de rio, porque senão te multam ou o homem vai aí mandar você dar casa boa, e um montão de outras coisa. É tudo igual aí né? Mas agora, eu e a Maria (lembra dela, casei) fazemo a ordenha as 5:30, levamo o leite de carroça até onde era o ponto da Kombi, e a cooperativa pega todo dia, se não chove. Se chove, perco o leite e dô pros porco. Té que o Juca fez economia pra nóis, pois antes me sobrava só um salário por mês, e agora eu e Maria temos sobrado dois salário por mês. Melhoro. Os porco não, pois também veio outro homem e disse que a distancia do Rio não podia ser 20 metro e tinha que derruba tudo e fazer a 30 metro. Também colocá umas coisa pra protege o Rio. Achei que ele tava certo e disse que ia fazê, e sozinho ia demorá uns trinta dia, só que mesmo assim ele me multo, e pra pagá vendi os porco e a pocilga, e fiquei só com as vaca. O promotor disse que desta vez por este crime não vai me prendê, e fez eu dá cesta básica pro orfanato. O Luis, ai quando vocês sujam o Rio também paga multa né? Agora a água do poço posso pagá, mas to preocupado com a água do Rio. Todo ele aqui deve ser como na tua cidade Luis, protegido, tem mato dos dois lado, as vaca não chegam nele, não tem erosão, a pocilga acabo... Só que algo tá errado, pois ele fede e a água é preta e já subi o Rio até a divisa da Capital, e ele vem todo sujo e fedendo ai da tua terra. Mas vocês não fazem isto né Luis. Pois aqui a multa é grande, e dá prisão. Cortá árvore então, vige. Tinha uma árvore grande que murcho e ia morre, então pedi pra eu tira, aproveitá a madeira pois até podia cair em cima da casa. Como ninguém respondeu ai do escritório que fui, pedi na Capital (não tem aqui não), depois de uns 8 mes, quando a árvore morreu e tava apodrecendo, resolvi tirar, e veja Luis, no outro dia já tinha um fiscal aqui e levei uma multa. Acho que desta vez me prende. Tô preocupado Luis, pois no radio deu que a nova Lei vai dá multa de 500,00 a 20.000,00 por hectare e por dia da propriedade que tenha algo errado por aqui. Calculei por 500,00 e vi que perco o sitio em uma semana. Então é melhor vende, e ir morá onde todo mundo cuida da ecologia, pois não tem multa ai. Tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazê nada errado, só falei das coisa por ter certeza que a Lei é pra todos nois. E vou morar com vc, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usá o dinheiro primeiro pra compra aquela coisa branca, a geladeira, que aqui no sitio eu encho com tudo que produzo na roça, no pomar, com as vaquinha, e ai na cidade, diz que é fácil, é só abri e a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nóis, os criminoso aqui da roça. Até Luis. Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas não conte até eu vendê o sitio. (Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.) * Engenheiro florestal, especialista em direito socioambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia. Do site de Percival Puggina (http://www.puggina.org/detailterceiros.php?recordID=459) |
A divulgação dos textos aqui publicados é permitida e incentivada, desde que o blog seja citado como fonte. Obrigado.
25.1.09
Carta do Zé agricultor para o Luís da cidade.
20.1.09
Discurso de Obama repete temas usados por Lula na posse em 2003
Leio na Folha Online: No discurso de posse nesta terça-feira, o 44º presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, repetiu termos usados na cerimônia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando assumiu a Presidência em 2003. Frases como a "esperança venceu o medo" e a "necessidade de traçar novos caminhos" foram usados pelos dois presidentes que, em diferentes épocas e proporções, tomaram posses diante de crises financeiras.
Nesta terça-feira, Obama disse em Washington que "nos reunimos porque escolhemos a esperança no lugar do medo, unidade de propósito sobre a o conflito e a discórdia. Neste dia, vimos proclamar o fim das discordâncias mesquinhas e das falsas promessas, das recriminações e dos dogmas gastos, que por muito tempo estrangularam nossa política"(leia aqui a notícia completa).
Nesta terça-feira, Obama disse em Washington que "nos reunimos porque escolhemos a esperança no lugar do medo, unidade de propósito sobre a o conflito e a discórdia. Neste dia, vimos proclamar o fim das discordâncias mesquinhas e das falsas promessas, das recriminações e dos dogmas gastos, que por muito tempo estrangularam nossa política"(leia aqui a notícia completa).
E eu, digo o quê?
São os lugares-comuns do discurso de posse de Obama... Vejam o post abaixo. Estou dizendo, é tudo muito parecido. Tenho a impressão, infelizmente, de que já sei o que acontecerá...
Será que eles terão o mensalão também? Será o big monthly?
19.1.09
Mera coincidência?
Como já disse por diversas vezes, não acredito em coincidências. Por força de meu trabalho aprendi a avaliar as ínumeras causas e a convergência de fatores, propositais ou não, dos quais germinam as ocorrências em geral.
Em abril de 2002, quando iniciou-se a corrida à sucessão de Fernando Henrique, vivíamos uma razoável tranqüilidade, superadas todas as crises anteriores e com razoáveis condições para um ano sem muitas surpresas. Eis que, quase de repente, abrem-se as comportas do fim do mundo e instala-se uma crise sem precedentes, cujos reflexos talvez ainda cheguem até os dias de hoje. Boa parte desta crise, diga-se de passagem, foi causada pela irresponsabilidade do PT e do então candidato Lula, "contra tudo isto que esta aí" e prometendo inclusive rever as bem-sucedidas privatizações, entre outras sandices.
Eleito Lula, tudo mudou. O salvador da pátria - pela primeira vez um presidente-operário !? - fez coisas que repercutirão pelos séculos dos séculos... Amém!
Pois muito bem. Recentemente, vínhamos ouvindo os ventos da crise atual desde finais de 2007, mas sem maiores conseqüências, até o acirramento da disputa presidencial americana, depois da longa batalha entre Democratas para a indicação. Flutuações do mercado, alguns solavancos, idas e vindas que sinalizavam algo, mas nenhuma tendência. A partir de determinado momento, porém, a coisa desandou. Crise de verdade, quebradeira, correira, irracionalidade, pânico. Bilhões, trilhões, e nada moutrou-se capaz de estancar a sangria...
É claro que por aqui sabia-se que passaria apenas uma marolinha... Não é mesmo? Tanto é que manteve-se o ritmo do consumo (e dos incentivos para tal) e do crédito, dos juros, enfim, quase nada mudou.
Eleito Obama, ou melhor, ungido, o cenário mudou: nele estão todas as nossas esperanças. Nossas, da humanidade, do planeta Terra como um todo. Curiosamente, agora ouvimos falar que a crise já chegou, números de Outubro, Novembro e Dezembro já nos mostram a cara do bicho... Enfim, parece que a crise estava aí e nós nem vimos, preocupados que estávamos com o Corinthians saindo da segundona, com as enchentes de Santa Catarina ou com o Papai Noel...
Agora depositamos todas as nossas esperanças novamente - não no salvador da pátria, este já com sua missão cumprida e preparando o(a) sucessor(a) - no salvador do mundo - pela primeira vez um presidente negro...
Meu lado escopiano-mineiro do cérebro tem incomodado-se com tamanha semelhança...
Será tudo isto, desta vez, mera coincidência?
Em abril de 2002, quando iniciou-se a corrida à sucessão de Fernando Henrique, vivíamos uma razoável tranqüilidade, superadas todas as crises anteriores e com razoáveis condições para um ano sem muitas surpresas. Eis que, quase de repente, abrem-se as comportas do fim do mundo e instala-se uma crise sem precedentes, cujos reflexos talvez ainda cheguem até os dias de hoje. Boa parte desta crise, diga-se de passagem, foi causada pela irresponsabilidade do PT e do então candidato Lula, "contra tudo isto que esta aí" e prometendo inclusive rever as bem-sucedidas privatizações, entre outras sandices.
Eleito Lula, tudo mudou. O salvador da pátria - pela primeira vez um presidente-operário !? - fez coisas que repercutirão pelos séculos dos séculos... Amém!
Pois muito bem. Recentemente, vínhamos ouvindo os ventos da crise atual desde finais de 2007, mas sem maiores conseqüências, até o acirramento da disputa presidencial americana, depois da longa batalha entre Democratas para a indicação. Flutuações do mercado, alguns solavancos, idas e vindas que sinalizavam algo, mas nenhuma tendência. A partir de determinado momento, porém, a coisa desandou. Crise de verdade, quebradeira, correira, irracionalidade, pânico. Bilhões, trilhões, e nada moutrou-se capaz de estancar a sangria...
É claro que por aqui sabia-se que passaria apenas uma marolinha... Não é mesmo? Tanto é que manteve-se o ritmo do consumo (e dos incentivos para tal) e do crédito, dos juros, enfim, quase nada mudou.
Eleito Obama, ou melhor, ungido, o cenário mudou: nele estão todas as nossas esperanças. Nossas, da humanidade, do planeta Terra como um todo. Curiosamente, agora ouvimos falar que a crise já chegou, números de Outubro, Novembro e Dezembro já nos mostram a cara do bicho... Enfim, parece que a crise estava aí e nós nem vimos, preocupados que estávamos com o Corinthians saindo da segundona, com as enchentes de Santa Catarina ou com o Papai Noel...
Agora depositamos todas as nossas esperanças novamente - não no salvador da pátria, este já com sua missão cumprida e preparando o(a) sucessor(a) - no salvador do mundo - pela primeira vez um presidente negro...
Meu lado escopiano-mineiro do cérebro tem incomodado-se com tamanha semelhança...
Será tudo isto, desta vez, mera coincidência?
O que houve com o nosso tempo?
Meus avós paternos e meus tios certamente dormiam mais de oito horas por noite, apesar de acordarem muito cedo, quase de madrugada mesmo, quando ainda estava escuro.
Em sua modesta casa, nas cercanias de Campos Gerais (MG), à época de minha infância, não havia água encanada, nem esgoto e tampouco energia elétrica. A água vinha de uma mina situada a uns cinquenta metros morro abaixo, carregada em latas e baldes e armazenada em potes de barro. Para o banho de bacia era fervida em latas em um fogão à lenha. O banheiro era externo à casa, construído em cima de uma fossa. A luz era provida por lamparinas de querosene mantidas sobre móveis ou em suportes na parede.
Quando em férias por lá, tomávamos banho antes de escurecer (para não ter que buscar água da mina no escuro...) e jantávamos em seguida, por volta das seis da tarde, pouco depois da "Ave Maria". Após a janta, enquanto lavava-se a louça, um pouco de estórias, às vezes pipoca ou um docinho caseiro, rezávmos o terço juntos e íamos para a cama. No máximo ouvía-se a "Linha Sertaneja Classe A" pela então Rádio Record, entre oito e nove da noite, em um rádio de pilha que ficava sobre a cristaleira, na copa. E pronto, dormia-se... Na manhã seguinte, antes das cinco da manhã já acordávamos sentido o cheiro de lenha queimada e do café. Assim passamos diversos períodos de férias, compartilhando com meus avós e meus tios e tias o dia-a-dia de então.
Dava tempo de fazer tudo: as tarefas do dia, visitas a parentes e amigos, ir à cidade, fazer compras, cuidar da horta, consertar e limpar o que fosse necessário...
Já em nossa casa a rotina não era tão diferente: a despeito da casa ser provida de água, esgoto e energia elétrica, até por volta de meus onze anos não tínhamos televisão, somente rádio. Os horários pouco mudavam, pois estudávamos quase todos pela manhã. Caxambú (MG), onde morávamos, então, era uma típica cidadezinha do interior de Minas. E depois, em Varginha (MG), que apesar de ser um centro regional não era tão diferente assim, pouca coisa mudou, exceto quando passei a estudar à noite.
Sem telefone, sem celular, sem carro, sem ônibus, sem internet...
Desde então têm aumentado consideravelmente as facilidades em minha vida moderna. Moto, carro, telefone, televisão, computador, internet, celular... Tecnologia após tecnologia, inovação, mudança, velocidade... Tudo muito automático, automatizado, mecânico, eletrônico, digital, programável, on-line, real time...
Mas e o tempo? Cadê os incontáveis minutos perdidos na fila do banco para sacar, depositar e pagar, que hoje substituímos por uma passada pela internet ou, no máximo, no caixa eletrônico? Cadê as intermináveis horas de pesquisa em bibliotecas e livros velhos, substituidas por um click de mouse no Google? As longas horas de conversa com parentes e amigos, substituídas por frases resumidas no MSN, Gtalk, ou uma olhadela no Orkut...? As cartas que, depois de horas para serem escritas e reescritas, precisavam de selo e de serem entregues lá nos Correios, hoje substituidas por um simples e-mail... Cadê este tempo?
Acordo por volta das seis da manhã, às vezes escuro ainda, e vou deitar-me invariávelmente depois da meia-noite, com a sensação de ainda ter um milhão de coisas a fazer - e de ter feito muito pouco. Chega o final de semana e vai-se embora antes mesmo de poder sentar-se para apreciar sua passagem... Todos lamentam-se do pouco tempo disponível para tudo, e até mesmo para as coisas mais importantes: Deus, família, amigos... Alguns amigos comentam que é efeito da idade... Será? Vejo meus filhos e filhos de amigos com a mesma síndrome da falta de tempo...
Há algo de estranho nisso tudo. Nosso tempo deixou de ser medido em dias, em horas, e passou a ser contado em segundos, milésimos. Jã não temos mais relógios, mais clock de CPU. Nossas memórias, lembranças, pouco a pouco vão ocupando megabytes e gygabytes de HDs, cartões de memória e pen drives. Temos notícias on-line do mundo inteiro, temos intermináveis listas de números de telefone e celular, e-mails e URLs... Sabemos cada vez menos sobre cada vez mais... Trocamos a qualidade do que fazíamos pela quantidade do que fazemos. Trocamos a emoção das pequenas coisas pela racionalidade das "grandes" realizações, embaladas em uma complexidade disfarçada de progresso que consome nossos cérebros e corações...
À cada salto da tecnologia minha lista de coisas à fazer vai aumentando, dia após dia. À cada versão do Windows, do Office, à cada expansão de memória e de disco, dos pixels da câmera e dos recursos do celular, percebo que gasto muito mais tempo fazendo o que não precisaria fazer, aprendedo o que não precisaria conhecer e assim ocupando-me com quase tudo, menos com as coisas mais importantes...
O que houve com nosso tempo?
Em sua modesta casa, nas cercanias de Campos Gerais (MG), à época de minha infância, não havia água encanada, nem esgoto e tampouco energia elétrica. A água vinha de uma mina situada a uns cinquenta metros morro abaixo, carregada em latas e baldes e armazenada em potes de barro. Para o banho de bacia era fervida em latas em um fogão à lenha. O banheiro era externo à casa, construído em cima de uma fossa. A luz era provida por lamparinas de querosene mantidas sobre móveis ou em suportes na parede.
Quando em férias por lá, tomávamos banho antes de escurecer (para não ter que buscar água da mina no escuro...) e jantávamos em seguida, por volta das seis da tarde, pouco depois da "Ave Maria". Após a janta, enquanto lavava-se a louça, um pouco de estórias, às vezes pipoca ou um docinho caseiro, rezávmos o terço juntos e íamos para a cama. No máximo ouvía-se a "Linha Sertaneja Classe A" pela então Rádio Record, entre oito e nove da noite, em um rádio de pilha que ficava sobre a cristaleira, na copa. E pronto, dormia-se... Na manhã seguinte, antes das cinco da manhã já acordávamos sentido o cheiro de lenha queimada e do café. Assim passamos diversos períodos de férias, compartilhando com meus avós e meus tios e tias o dia-a-dia de então.
Dava tempo de fazer tudo: as tarefas do dia, visitas a parentes e amigos, ir à cidade, fazer compras, cuidar da horta, consertar e limpar o que fosse necessário...
Já em nossa casa a rotina não era tão diferente: a despeito da casa ser provida de água, esgoto e energia elétrica, até por volta de meus onze anos não tínhamos televisão, somente rádio. Os horários pouco mudavam, pois estudávamos quase todos pela manhã. Caxambú (MG), onde morávamos, então, era uma típica cidadezinha do interior de Minas. E depois, em Varginha (MG), que apesar de ser um centro regional não era tão diferente assim, pouca coisa mudou, exceto quando passei a estudar à noite.
Sem telefone, sem celular, sem carro, sem ônibus, sem internet...
Desde então têm aumentado consideravelmente as facilidades em minha vida moderna. Moto, carro, telefone, televisão, computador, internet, celular... Tecnologia após tecnologia, inovação, mudança, velocidade... Tudo muito automático, automatizado, mecânico, eletrônico, digital, programável, on-line, real time...
Mas e o tempo? Cadê os incontáveis minutos perdidos na fila do banco para sacar, depositar e pagar, que hoje substituímos por uma passada pela internet ou, no máximo, no caixa eletrônico? Cadê as intermináveis horas de pesquisa em bibliotecas e livros velhos, substituidas por um click de mouse no Google? As longas horas de conversa com parentes e amigos, substituídas por frases resumidas no MSN, Gtalk, ou uma olhadela no Orkut...? As cartas que, depois de horas para serem escritas e reescritas, precisavam de selo e de serem entregues lá nos Correios, hoje substituidas por um simples e-mail... Cadê este tempo?
Acordo por volta das seis da manhã, às vezes escuro ainda, e vou deitar-me invariávelmente depois da meia-noite, com a sensação de ainda ter um milhão de coisas a fazer - e de ter feito muito pouco. Chega o final de semana e vai-se embora antes mesmo de poder sentar-se para apreciar sua passagem... Todos lamentam-se do pouco tempo disponível para tudo, e até mesmo para as coisas mais importantes: Deus, família, amigos... Alguns amigos comentam que é efeito da idade... Será? Vejo meus filhos e filhos de amigos com a mesma síndrome da falta de tempo...
Há algo de estranho nisso tudo. Nosso tempo deixou de ser medido em dias, em horas, e passou a ser contado em segundos, milésimos. Jã não temos mais relógios, mais clock de CPU. Nossas memórias, lembranças, pouco a pouco vão ocupando megabytes e gygabytes de HDs, cartões de memória e pen drives. Temos notícias on-line do mundo inteiro, temos intermináveis listas de números de telefone e celular, e-mails e URLs... Sabemos cada vez menos sobre cada vez mais... Trocamos a qualidade do que fazíamos pela quantidade do que fazemos. Trocamos a emoção das pequenas coisas pela racionalidade das "grandes" realizações, embaladas em uma complexidade disfarçada de progresso que consome nossos cérebros e corações...
À cada salto da tecnologia minha lista de coisas à fazer vai aumentando, dia após dia. À cada versão do Windows, do Office, à cada expansão de memória e de disco, dos pixels da câmera e dos recursos do celular, percebo que gasto muito mais tempo fazendo o que não precisaria fazer, aprendedo o que não precisaria conhecer e assim ocupando-me com quase tudo, menos com as coisas mais importantes...
O que houve com nosso tempo?
12.1.09
A origem do nome dos meses.
Os nomes dos meses, em sua maioria, originaram-se do Latim. Os romanos, em princípio, consideravam apenas dez meses num ano.
Há cerca de 2600 anos o rei Numa decidiu que o ano teria doze meses ao invés de dez. Assim Numa acrescentou dois meses à frente dos demais: Janeiro, originado no deus romano Janus, um deus estranho com duas faces, uma olhando para trás, para o passado, e a outra olhando para a frente, para o futuro. Era o deus do começo, e Numa provavelmente colocou-o para tê-lo como prenúncio de um bom princípio para um ano novo. Fevereiro, originado de "februa", uma comemoração romana, uma festa de purificação celebrada costumeiramente pelos romanos nesta época.
Assim, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, significando respectivamente sétimo, oitavo, nono e décimo mês, perderam seu sentido, mas foram conservados, embora não sendo lógicos.
Outros três meses foram denominados em homenagem a deuses romanos: Março, ao deus da guerra, Marte; Maio, à deusa dos campos, Maia; Junho, à esposa de Júpiter, Juno.
Abril, com raiz na palavra latina "asperiri" (abrir), simboliza a abertura do céu, pois nesse mês sempre chove na Europa, as árvores brotam e as flores começam a se abrir e os campos tornam-se verdejantes. A primavera inicia-se em 21 de Abril no hemisfério norte.
Os nomes Julho e Agosto foram atribuídos em honra a dois famosos imperadores romanos, Julius Caesar e Caesar Augustus.
Você sabia?
Há cerca de 2600 anos o rei Numa decidiu que o ano teria doze meses ao invés de dez. Assim Numa acrescentou dois meses à frente dos demais: Janeiro, originado no deus romano Janus, um deus estranho com duas faces, uma olhando para trás, para o passado, e a outra olhando para a frente, para o futuro. Era o deus do começo, e Numa provavelmente colocou-o para tê-lo como prenúncio de um bom princípio para um ano novo. Fevereiro, originado de "februa", uma comemoração romana, uma festa de purificação celebrada costumeiramente pelos romanos nesta época.
Assim, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro, significando respectivamente sétimo, oitavo, nono e décimo mês, perderam seu sentido, mas foram conservados, embora não sendo lógicos.
Outros três meses foram denominados em homenagem a deuses romanos: Março, ao deus da guerra, Marte; Maio, à deusa dos campos, Maia; Junho, à esposa de Júpiter, Juno.
Abril, com raiz na palavra latina "asperiri" (abrir), simboliza a abertura do céu, pois nesse mês sempre chove na Europa, as árvores brotam e as flores começam a se abrir e os campos tornam-se verdejantes. A primavera inicia-se em 21 de Abril no hemisfério norte.
Os nomes Julho e Agosto foram atribuídos em honra a dois famosos imperadores romanos, Julius Caesar e Caesar Augustus.
Você sabia?
Os filmes mais conectados de todos os tempos...
Segundo pesquisas, estes são os filmes nos quais o assunto predomina:
Você já os assistiu? Concorda? Qual a sua opinião?
13º ANDAR |
ASSÉDIO SEXUAL |
BLADE RUNNER |
EU, ROBÔ |
JOHNNY MNEMONIC |
MATRIX |
MINORITY REPORT |
PASSAGEIRO DO FUTURO |
SWORD FISH |
TRON |
Você já os assistiu? Concorda? Qual a sua opinião?
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