O palhaço é uma figura especial. Apesar de ser associado freqüentemente a algo ruim, de ser até mesmo um xingamento - creio que por algum desses infelizes desvios que acontecem com as palavras – a palavra "palhaço" deveria estar associada à alegria, à diversão.
Mas não é nesse sentido que usamos a expressão "ser feito de palhaço", e sim para referirmo-nos àquele que sempre leva a pior, que se dá mal, que leva os tombos, os baldes de água, as explosões e as tortas na cara... Enfim, se dá mal, para que outros se divirtam. Para que riam dele. De suas peripécias ou infortúnios.
Difícil de entender? Não. Talvez para os bem-intencionados, não. Para os preparados intelectual e culturamente, não. Para os honestos e sinceros, não. Mas não é o caso do apedeuta. E nem de sua claque, incluídos aí os aproveitadores de plantão, entre os quais o que por ora ocupa o governo do Rio de Janeiro.
No dia de ontem, em mais um surto de superação asnática, o apedeuta quis passar um pito em manifestantes no Rio de Janeiro, dizendo que eles não teriam maturidade política. Claro, para ele maturidade política é o que têm os "usuários" do bolsa esmola, dispostos a aplaudir até mesmo um futum de Sua Inçelença...
Aliás, aqui é necessário fazer um breve interregno. O apedeuta também falou sobre essa preciosidade. Disse que as pessoas criticam o bolsa esmola mas não criticam as bolsas, de valor muito maior, que o Governo dá para alguns poucos - muito poucos, demasiadamente poucos, diga-se de passagem – estudarem no exterior. Mesmo desconsiderando a conhecida desonestidade intelectual do dito cujo, é difícil colocar no mesmo cesto duas coisas tão distintas: bolsas de estudo, para pessoas que se destacam e que – invariavelmente, por sua dedicação e esforço próprio - demonstram que podem evoluir e contribuir mais e de maneira melhor para o país, para a sociedade e para os seus. Para isso, dedicam-se, esforçam-se, produzem, destacam-se. Agregam valor e conteúdo. Fazem, enfim. E do outro lado, temos o bolsa esmola. De origem decente, bem-intencionada até, - e cabe ressaltar, criada pelo governo anterior - deveria contemplar desassistidos momentaneamente, de forma a lhes dar dignidade e condições para, com seu próprio esforço, abandonarem rapidamente a situação de miséria e mendicância. Mas a ganância petista por poder absoluto e eterno enxergou aí uma incrível máquina de perpetuação no poder. Expandiu e transformou o projeto original em uma incomensurável fábrica de popularidade lulista e de votos, colocando seus usuários em uma armadilha. E de quebra ainda é uma arma político-eleitoral-ideológica arrasadora, quase uma "big fat" sobre a hiroshima daqueles que ousam questionar o uso desvirtuado. É difícil reconhecer isto, mas a verdade é que a "produção" dessa massa de "usuários" do bolsa esmola é destinada quase totalmente aos esgotos – a maior parte a céu aberto - depois de passar pelo processo digestório... Nesse aspecto em quase nada difere de suas opções eleitorais, na maioria das vezes...
Voltando à questão, somos sim, palhaços. Vivemos frente a um bando de aproveitadores - uma quadrilha mesmo, como disse o Procurador – que cresce continuamente e ri de nossa situação ridícula, ordenando o "relaxa e goza", mostrando o "top-top-top fuc-fuc-fuc" ou dizendo que pagamos CPMF e nem sentimos... Entre outras preciosidades. E isso é apenas o que chega até nós. Imaginemos como seria em ambientes privados, fechados ou no círculo íntimo...
Nós somos palhaços, Sua Inçelença. Temos sido continuamente feitos de palhaços, de bobos e idiotas pelo senhor e por todo o bando. E se haverá, algum dia, um protesto dos verdadeiros palhaços – os que fazem palhaçadas por amor à profissão – contra nossa condição de palhaços, não será pelo fato de denegrir a imagem deles: será pela concorrência desleal. Afinal, somos em imaior número. A contar pelos resultados da última eleição, somos mais de sessenta milhões, nós, os palhaços que não lhe queríamos novamente no poder.
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